Entidades denunciam à ONU ataques de Bolsonaro às urnas
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“A democracia e o sistema eleitoral estão sob grande ameaça no Brasil. Nós vivemos uma situação sem precedentes na democracia brasileira”, disse a advogada Sara Branco
Uma comitiva de organizações da sociedade civil brasileira viajou a Genebra para denunciar o aumento da violência política e os ataques constantes do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral. Na manhã desta terça-feira (13), uma representante da delegação faria uma queixa formal durante a sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
“A democracia e o sistema eleitoral estão sob grande ameaça no Brasil. Nós vivemos uma situação sem precedentes na democracia brasileira”, diz o texto da denúncia, ao qual a reportagem teve acesso.
“Um exemplo são os ataques feitos por autoridades ao Tribunal Superior Eleitoral, questionando o sistema de votação sem evidências e através de desinformação.”
A advogada Sara Branco, coordenadora do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), foi escalada para discursar pela comitiva, composta ainda pelas entidades Justiça Global, ABGLT, WBO, ABONG, Artigo 19, Conectas, Aça?o Educativa, Comissa?o Arns e Terra de Direitos.
“Além de pedir à comunidade internacional o reconhecimento imediato do resultado das eleições brasileiras, nós também queremos chamar a atenção para a questão preocupante do aumento da violência política, sobretudo em relação à segurança das candidaturas de mulheres, principalmente negras, indígenas e LGBTQIA+”, diz Branco.
Nesta segunda (12), em evento paralelo à reunião do Conselho de Direitos Humanos, os grupos anteciparam parte das críticas que serão feitas. “É fundamental que a comunidade internacional expresse seu apoio pela democracia brasileira e sua confiança no sistema eleitoral, que vem sendo alvo de ataques infundados acerca de sua confiabilidade como pano de fundo para um ataque mais amplo à democracia”, disse Paulo Lugon, assessor internacional da Comissão Arns.
Segundo os organizadores, a delegação na Europa visa a angariar apoio internacional ao resultado oficial do pleito de outubro e à confiabilidade do processo eleitoral como um todo. O grupo afirma ainda que irá “expor os riscos ao Estado Democrático de Direito promovidos por Bolsonaro e parte de seus apoiadores, bem como o avanço do cerceamento de liberdades civis e democráticas”.
Em uma viagem que já passou por Berlim, Madri e Bruxelas, a delegação de ativistas brasileiros também se reuniu com representantes do Alto Comissariado da União Europeia, além de políticos e entidades da sociedade civil. Parte dos ativistas irá ainda a Paris, onde terá compromissos com intuitos semelhantes.
Representantes das organizações também visitaram Washington em julho, para encontros com parlamentares. Depois da viagem, congressistas intensificaram medidas de pressão sobre o governo de Joe Biden, pedindo para que os EUA reajam caso Bolsonaro promova uma tentativa de golpe no Brasil após eventual derrota nas urnas.
“Nós temos recebido sempre reações de muita solidariedade e preocupação com a situação no nosso país. Percebemos que a comunidade internacional está muito informada”, avalia Camila Asano, diretora de programas da Conectas. “O mundo está atento ao que está acontecendo no Brasil, com os ataques sem provas ao sistema eleitoral.”
No fim de agosto, em sua última entrevista coletiva antes de deixar o comando do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet condenou os ataques de Bolsonaro às instituições e ao sistema eleitoral.
“Acredito que o presidente Bolsonaro intensificou seus ataques ao Judiciário e ao sistema eletrônico de votação, incluindo uma reunião com embaixadores, em julho, que provocou fortes reações, como vocês sabem”, afirmou a ex-presidente chilena, em referência a uma apresentação, repleta de informações falsas, feita pelo líder brasileiro a dezenas de diplomatas.
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