Espera por transplante de córnea cresce no Brasil
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Espera por transplante de córnea cresce no Brasil
| IDNews | LifeStyle|Via Notícias ao Minuto |14h32
No primeiro trimestre deste ano a fila de transplante aumentou 7,6% comparada ao mesmo período de 2018
IDN/Saúde
O transplante mais realizado no mundo é o de córnea, membrana transparente do olho que capta as imagens e frequentemente é comparada ao vidro de um relógio por estar localizada na frente do globo ocular. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier as lesões e doenças na córnea são a terceira maior causa global de deficiência visual. Só perdem para a catarata e glaucoma. Anualmente somam 1,5 milhão de novos casos de perda da visão. Isso porque, a escassez de doações de córnea no mundo faz com que só uma em cada 70 pessoas que precisam do transplante consiga passar pela cirurgia.
Causas
Para Queiroz Neto este avanço deve estar relacionado à crise econômica. No Brasil, comenta, a maior causa de transplante é o ceratocone, doença degenerativa na córnea que responde por 70% das cirurgias. O relatório da ABTO de 2018 mostra diminuição dos transplantes de córnea em relação a 2017. Esta redução coincide com a inclusão do crosslinking, cirurgia que interrompe a progressão do ceratocone, no rol de procedimentos dos planos de saúde, comenta o médico. “São poucos os hospitais públicos que realizam o procedimento” afirma.
Em um levantamento feito pelo médico com 315 portadores de ceratocone que passaram por esta cirurgia, 85% tiveram interrupção da progressão da doença e 45% melhora da visão.
O especialista afirma que o transplante só é indicado quando a camada interna da córnea, o endotélio, é afetado pelo ceratocone ou perfurações, úlceras, cicatrizes, síndrome de Steven Johnson e distrofia de Fuchs. Isso porque, estas células são irrecuperáveis e quando sofrem lesões tornam a córnea opaca.
Novo adesivo pode restaurar a córnea
A boa notícia é que pesquisadores de Harvard estão desenvolvendo um adesivo em gel totalmente compatível com o olho para oferecer uma alternativa ao transplante e solucionar emergências. Feito de gelatina quimicamente fotossensível, o adesivo endurece e assume as características biomecânicas da córnea, após uma curta exposição à luz azul. No ensaio pré-clínico realizado pelos autores, o adesivo aderiu a um ferimento de três milímetros numa córnea, após 4 minutos de exposição à luz azul. Passados alguns dias, a córnea já estava se regenerando. A previsão é que o novo adesivo chegue ao mercado no início do ano que vem.
Para Queiroz Neto, a regeneração da córnea com este novo novo tratamento pode reduzir o índice de portadores de ceratocone que vão para transplante no Brasil. Para não ter surpresas desagradáveis com a progressão da doença ensina prestar atenção aos seus primeiros sinais: troca frequente do grau dos óculos, visão de halos noturnos, aversão à luz do sol, maior fadiga visual e olhos irritados, enumera. Significa que pode ser necessário fazer uma tomografia da córnea para ter um diagnóstico precoce.
O oftalmologista ressalta que hoje a única alternativa para impedir a perda do globo ocular em perfurações são os adesivos sintéticos que por serem tóxicos só podem ser aplicados em pequenas lacerações. Foi o que aconteceu com N.L. uma paciente que chegou ao consultório com o olho vazando em um lenço depois de muitos anos convivendo com herpes ocular. Uma situação dramática até o cirurgião ter acesso a uma córnea para transplante. O novo adesivo pode melhorar muito os tratamentos de problemas na córnea, conclui.