EUA negam querer guerra com Rússia, e Ucrânia pede pede ajuda
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A Ucrânia pediu que ‘previsões apocalípticas’ sejam ignoradas
Dias depois de anunciar o envio de cerca de 3.000 soldados para a Europa, os Estados Unidos afirmaram neste domingo (6) que não pretendem iniciar uma guerra com a Rússia, que mobilizou 110 mil militares na fronteira com a Ucrânia e dá sinais de que uma invasão pode ocorrer em breve, segundo o governo americano.
“O presidente [Biden] deixa claro há meses que os Estados Unidos não estão enviando forças para iniciar uma guerra ou entrar em uma guerra contra a Rússia na Ucrânia”, disse, neste domingo, Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente Joe Biden, em entrevista à rede americana NBC. O primeiro contingente de soldados americanos chegou ao continente no sábado (5).
O governo ucraniano, porém tem tentado reduzir as tensões e voltou a dizer, neste domingo, que a possibilidade de resolver a crise com a Rússia por meio da diplomacia continua maior do que a chance de um ataque militar. “As chances de encontrar uma solução diplomática para uma desescalada são consideravelmente maiores que a ameaça de uma nova escalada”, disse Myhailo Podoliak, conselheiro chefe do governo ucraniano.
No Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, pediu que a população “não acredite em previsões apocalípticas”. “Hoje, a Ucrânia tem um exército forte, apoio internacional sem precedentes e a fé dos ucranianos em seu país. O inimigo deve ter medo de nós, não nós deles”, escreveu.
Para Jake Sullivan, porém, “uma escalada militar e uma invasão poderiam ocorrer a qualquer momento”. “Acreditamos que os russos já colocaram em marcha capacidades para uma operação militar significativa”, disse.
Segundo o assessor do governo americano, entre as opções russas estão a anexação da região de Donbass, na Ucrânia, onde separatistas apoiados pela Rússia romperam com o controle do governo em 2014, ou mesmo uma invasão em larga escala do país. Ataques cibernéticos também estão sobre a mesa.
No fim de semana, a inteligência americana começou a soltar relatórios à imprensa sobre o que aconteceria se a Rússia optasse por um ataque em larga escala. A invasão poderia tomar a capital Kiev e derrubar o presidente Volodymyr Zelensky em questão de 48 horas, segundo o governo, deixaria entre 25 mil e 50 mil civis mortos. Entre as baixas também poderia haver entre 5.000 e 25 mil soldados ucranianos mortos e entre 3.000 e 10 mil soldados russos. O ataque também poderia desencadear uma avalanche de refugiados, de 1 a 5 milhões de pessoas, principalmente para a Polônia, segundo o governo americano.
Newsletter Lá fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes. * Funcionários da inteligência americana disseram ao Congresso dos Estados Unidos que as forças russas têm crescido em ritmo constante e que Putin terá poder de fogo para uma invasão em grande escala, com cerca de 150 mil soldados, em poucas semanas.
Apesar de já ter reunido 110 mil soldados na fronteira, a Rússia nega planos de invadir o país vizinho, mas diz que pode tomar ações militares se suas exigências de segurança não foram atendidas, dentre as quais o compromisso de que a Otan nunca admitirá a entrada da Ucrânia no clube –exigência que os americanos consideram inaceitável.
Moscou também anunciou manobras militares conjuntas com Belarus e enviou batalhões para o norte de Kiev e para a região de Brest, próximo da fronteira com a Polônia, segundo a inteligência americana.
Há duas semanas, 60 batalhões do exército russo se posicionaram ao norte, leste e sul da Ucrânia, particularmente na península da Crimeia, anexada pela Rússia depois de uma invasão em 2014. Na sexta-feira o número cresceu para 80 batalhões, e outros 14 estavam a caminho a partir de outras partes da Rússia, disseram autoridades americanas. Além disso, cerca de 1.500 soldados das forças especiais russas conhecidas como Spetsnaz foram enviados ao longo da fronteira com a Ucrânia há uma semana.
Imagens de satélite de uma empresa privada dos Estados Unidos, a Maxar Technologies, publicadas neste domingo mostram detalhes de manobras militares na fronteira de Belarus com a Ucrânia, antes dos exercícios conjuntos anunciados por Moscou e Minsk que a Otan chamou de o maior destacamento militar para o país desde a Guerra fria.
Rússia e Belarus anunciaram exercícios conjuntos entre 10 a 20 de fevereiro, com o objetivo de treinar para reagir a um ataque às fronteiras ao sul da aliança. As imagens divulgadas neste domingo mostram que unidades militares armadas com mísseis, lançadores de foguetes e aeronaves de ataque foram estão em três pontos do território belarusso próximos à fronteira com a Ucrânia.
A Maxar Technologies disse ter coletado imagens de equipamentos militares perto de Yelsk, Rechitsa e Luninets em 4 de fevereiro, todos pontos a cerca de 50 quilômetros da fronteira ucraniana.
Uma importante força naval russa também está posicionada no Mar Negro, equipada com cinco navios de assalto anfíbio que poderiam ser usados para desembarcar tropas na costa sul da Ucrânia, segundo a inteligência americano. Também foram observados outros seis navios anfíbios saindo do Mar de Barents ao norte da Rússia e navegando além do Reino Unido e através do Estreito de Gibraltar, aparentemente a caminho para o Mar Negro. Além disso, a Rússia colocou aviões de combate perto da Ucrânia, assim como bombardeiros, baterias de mísseis e antiaéreas, segundo o governo americano.
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