Ex-marido é condenado a 45 anos de prisão por homicídio de juíza no RJ
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O crime ocorreu na véspera do Natal, em 2020. A pena será cumprida inicialmente em regime fechado. Cabe recurso.
O engenheiro Paulo José Arronenzi foi condenado pela Justiça do Rio de Janeiro a 45 anos de prisão pelo assassinato da ex-mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral. O crime ocorreu na véspera do Natal, em 2020. A pena será cumprida inicialmente em regime fechado. Cabe recurso.
A juíza foi morta com 16 facadas, na frente das três filhas pequenas do casal, em uma avenida movimentada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, quando saía de casa para levar as crianças à residência do ex-marido. O engenheiro foi preso em flagrante momentos depois por guardas municipais.
O julgamento, pelo Terceiro Tribunal do Júri, durou cerca de 13 horas. A sentença foi anunciada por volta das 4h de sexta (11) pelo juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira.
Os jurados acolheram a denúncia do Ministério Público, que apontou “inconformismo do acusado com o término do relacionamento, especialmente pelas consequências financeiras do fim do casamento na vida do engenheiro”.
Paulo foi denunciado por homicídio quintuplamente qualificado. Foram determinantes para a fixação da pena, entre outros pontos, o feminicídio –ou seja, a vítima foi assassinada por ser mulher–, pelo fato de o crime ter sido cometido em frente às três crianças e por ter sido cometido por motivo torpe, o fim do relacionamento.
A defesa argumentou que o engenheiro, por sofrer de problemas de saúde mental, era parcialmente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Disse ainda que vai recorrer da condenação. O juiz avaliou que o engenheiro demonstrou “conduta arquitetada, fria e obstinada, o que de per si prova maior intensidade do dolo”.
O magistrado afirmou ainda que a personalidade do engenheiro é adversa e corrompida. “Tal se evidencia pelo padrão hostil adotado a partir de certo período com sua ex-esposa e parentes próximos. As testemunhas ouvidas no decorrer da instrução criminal atestam uma postura descontrolada, cercada de rompantes de raiva tal como na ocasião em que chegou a arremessar um copo de vidro na parede, ferindo com estilhaços a perna de uma de suas filhas menores”, pontuou o juiz.
Viviane tinha 45 anos e integrou a magistratura do Rio de Janeiro por 15 anos. Atuava na 24ª Vara Cível da Capital.
A mãe da juíza, Sara Vieira do Amaral, foi uma das testemunhas no julgamento. “Paulo sempre estava muito nervoso, estressado. As crianças não ficavam à vontade nem de fazer chamada de vídeo comigo. Minha filha era muito alegre e foi ficando cada vez mais introspectiva”, disse no depoimento.
O irmão de Viviane, Vinícius Vieira do Amaral, que também foi uma das testemunhas, disse que a irmã abriu mão da escolta armada em dezembro, mesmo mês em que foi morta pelo ex-marido. “Ele queria compensações financeiras. Minha irmã deu R$ 640 mil para ele. Em troca, ele deu a morte pra ela. Todas as vezes que penso nela, lembro da cena de terror do dia do crime. Tenho dificuldade de manusear facas. Ele começou a matá-la muito antes do crime e até hoje ele segue matando toda a minha família”, disse.
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