FDN tinha cela de comando em prisão e acordo com governo
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FDN tinha cela de comando em prisão e acordo com governo
Denominada de Operação La Muralla, investigação foi comandada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal
05JAN2017| 9.32 PF - Operaçaão La Muralla
Uma investigação feita pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), realizada no ano passado e denominada Operação La Muralla, apontou que os líderes da facção criminosa Família do Norte (FDN), um total de seis presos, mantinha uma “cela de comando” no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), de onde controlavam “quase totalmente o sistema” penitenciário do Amazonas.
A partir da “cela de comando”, eles ordenavam homicídios e torturas, e chegaram a fazer até mesmo um acordo com o governo do estado, em 2015, em troca de “paz nas cadeias”. Segundo a PF, o fato foi comprovado a partir da descoberta de mensagens eletrônicas trocadas por um dos chefes da FDN, identificado como José Roberto Fernandes Barbosa. Nelas há a comprovação de que o governo estadual fez um acerto com a facção, durante uma reunião na biblioteca do Compaj, realizada em julho de 2015.
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, “Zé Roberto” disse ter recebido a garantia do coronel Louismar Bonates, então secretário de Administração Penitenciária da gestão José Melo (Pros), de que não seria transferido para um presídio federal.
Em troca da “paz nas cadeias”, o governo estadual atenderia também um “antigo pleito” para extinguir dois pavilhões do CDP (Centro de Detenção Provisória) comandados pela sigla rival PCC.
No último fim de semana, uma rebelião causada pela briga entre as duas facções deixou 56 mortos no Compaj. Outros quatro presos foram assassinados em outro presídio do Amazonas, na segunda-feira (2).
“A FDN saiu fortalecida deste lamentável episódio, alcançando o domínio absoluto do sistema prisional e deixando o Estado ainda mais refém de suas decisões e vontades”, considerou a Polícia Federal em inquérito.
Procurada, a assessoria do governo José Melo (Pros) diz desconhecer qualquer negociação e afirmou que não compactua com essa prática e que o interlocutor citado não integra mais a administração.
A investigação resultou em mais de 130 denunciados e 30 ações penais, mas ainda sem acusação formal a integrantes da cúpula do governo. Segundo a investigação da PF, a facção Família do Norte é mantida com venda de drogas e com “caixinha” paga por todos os filiados e depositada em contas bancárias abertas com esse objetivo. Segundo mensagens trocadas entre “Zé Roberto” e “João Branco”, dois chefes da FDN, a arrecadação deveria atingir entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão mensais.