Furacão Ian causa estragos e Biden diz que pode ser o mais mortal da Flórida
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O número de vítimas das tempestades e inundações ainda é incerto, mas autoridades têm descrito o fenômeno como sem precedentes.
O furacão Ian, um dos fenômenos climáticos mais extremos a atingir os Estados Unidos nos últimos tempos, deixou cenas de destruição na Flórida nesta quinta-feira (29), antes de tomar a direção da região da Geórgia e das Carolinas -que se preparam para as chuvas e ventos.
Rebaixado para uma tempestade tropical durante a manhã, o evento voltou a se intensificar na parte da noite, chegando à categoria 5, a mais alta da escala.
O número de vítimas das tempestades e inundações ainda é incerto, mas autoridades têm descrito o fenômeno como sem precedentes. O presidente Joe Biden, que declarou a situação na Flórida um desastre nacional -classificação que possibilita o envio de ajuda federal-, disse que o Ian poderia ser furacão mais mortal da história do estado.
Os danos foram mais cedo descritos pelo governador Ron DeSantis como históricos. Segundo a agência de notícias AFP, há a confirmação de ao menos oito mortes por causas ligadas ao furacão no estado costeiro. Os ventos chegaram a cerca de 110 km/h.
Duas das vítimas seriam do condado de Volusia, informou o xerife Michael Chitwood em comunicado: um homem de 74 anos, que saiu na noite de quarta (28) para drenar a piscina de casa no meio da tempestade, e uma mulher de 70 anos que estava em uma passarela perto do oceano. “Tenho certeza de que há mais vítimas em locais nos quais ainda não chegamos”, disse.
O número de mortos pode aumentar justamente porque as equipes de resgate demoraram a conseguir sair para responder às chamadas de emergência, devido às condições climáticas desfavoráveis.
“Os números ainda não são claros, mas recebemos informações que mostram uma perda substancial de vidas”, disse Biden em visita aos escritórios da agência encarregada de desastres naturais. O presidente acrescentou que viajará para o estado “quando as condições permitirem” e que também planeja visitar o território de Porto Rico, que ainda está se recuperando do furacão Fiona.
Segundo a Casa Branca, a chefe da agência de emergências, Deanne Criswell, será enviada à Flórida nesta sexta (30) para monitorar a situação -uma equipe já está no local.
“Nunca tínhamos visto inundações como essa. É um evento que ocorre uma vez a cada 500 anos”, disse o republicano DeSantis durante entrevista coletiva. Ele classificou a situação da ilha Sanibel como de destruição, com chuvas “de proporções bíblicas”, que lavaram estradas e a infraestrutura.
“Estamos assistindo a uma tempestade que mudou o perfil de uma parte significativa do nosso estado.” O governador prevê que a reconstrução local pode levar anos. Ao menos 28 helicópteros foram acionados para realizar resgates aéreos de pessoas em áreas inundadas.
Áreas como Cape Coral e Fort Myers, cidades palcos de inundações, estão destruídas. Imagens captadas por jornalistas e internautas e compartilhadas nas redes sociais mostram a água invadindo ruas residenciais de Fort Myers, acompanhada de fortes ventos.
Ao longo da manhã desta quinta, mais de 2,6 milhões de casas e estabelecimentos comerciais da Flórida estavam sem energia elétrica, de acordo com o site especializado PowerOutage.
Combinada aos fortes ventos, a chuva fez com que milhares de pessoas permanecessem em casa para se proteger. Na pequena cidade litorânea de Punta Gorda, alguns residentes contrariaram as recomendações para deixar o local por receio do que encontrariam na rua.
Joe Ketcham, 70, foi um deles. “O vento soprava de maneira constante sobre nossas cabeças. Podíamos escutar o metal golpeando os prédios. Estava escuro, não sabíamos o que acontecia do lado de fora”, disse ele à agência de notícias AFP.
Lisamarie Pierro, também de Punta Gorda, relatou estar aliviada por ainda ter sua casa de pé. “Foi muito demorado e intenso. De repente, parava, mas logo voltava tudo outra vez.”
A intensidade do Ian também fez com que parques temáticos de Orlando, como os da Disney, fossem fechados por precaução. Também na cidade, a cena de um repórter do canal local Wesh resgatando uma mulher dentro de um carro em uma área alagada chamou a atenção.
Tony Atkins relatou a canais locais ter visto uma mão sinalizando em pedido de ajuda para fora da janela do veículo, onde estava uma enfermeira que tentava chegar ao trabalho. “Olhei ao redor em busca de socorristas, mas não havia ninguém e tudo estava muito escuro.”
No condado de Lee, a rede hospitalar Lee Health informou que está retirando mais de mil pacientes de suas instalações devido à ausência do abastecimento de água, segundo a rede americana CNN.
O sistema de saúde ainda não relatou grandes volumes de vítimas das inundações, em parte devido ao atraso das operações de busca e resgate por sobreviventes.
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