Haddad enaltece sua aliança e vê Tarcísio nas garras do centrão e no vácuo do bolsonarismo
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O bolsonarista terminou o primeiro turno à frente de Haddad, com 42,32% a 35,7%, e também lidera as pesquisas de intenção de voto no segundo turno.
O candidato ao Governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) fez comparações entre os seus aliados e do seu adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para apontar que, se for derrotado no segundo turno, o Palácio dos Bandeirantes estará nas mãos do centrão e do bolsonarismo.
Haddad foi entrevistado nesta quarta-feira (26) na série de sabatinas Folha/UOL com candidatos ao governo de alguns dos estados nos quais haverá segundo turno. Tarcísio, que é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), declinou do convite.
O bolsonarista terminou o primeiro turno à frente de Haddad, com 42,32% a 35,7%, e também lidera as pesquisas de intenção de voto no segundo turno.
“O Tarcísio não tem a menor condição de governar este estado, é um estado que ele não conhece. Não tem forças políticas para compor. O centrão vai mandar. São Paulo vai cair nas garras do Valdemar Costa Neto [PL], do Milton Leite [União Brasil], que manda hoje na prefeitura e no estado de São Paulo, do Edir Macedo [da igreja Universal do Reino de Deus] e do Republicanos”, disse o petista.
Em outro momento, ele citou nomes como Roberto Jefferson (PTB) e Ciro Nogueira (PP) atrelados à candidatura de Tarcísio e fez comparações com seus aliados. “Estou com Guilherme Boulos [PSOL], Geraldo Alckmin [PSB], Marina Silva [Rede]”, listou o petista.
Haddad também disse que chegou a deduzir que Tarcísio, formado em engenharia, poderia ser um político mais técnico e menos alinhado ao bolsonarismo.
“Até acreditava que fosse [menos bolsonarista], mas não acredito mais. Agora, o Tarcísio tem informação técnica para saber que é errado tirar a câmera [dos policiais], tirar a obrigação da vacinação infantil. Agora está se dispondo a um papel. Se eleito, vai ficar mais refém ainda das forças que o apoiam, porque ele não tem nenhum lastro em São Paulo. Esse Tarcísio é um aventureiro”, disse o candidato.
A entrevista com Haddad foi conduzida por Fabíola Cidral, do UOL, Carolina Linhares, da Folha de S.Paulo, e o colunista Leonardo Sakamato, do UOL.
Já Tarcísio não aceitou o convite e respondeu em nota. “Por decisão da coordenação da campanha, Tarcísio de Freitas precisará reajustar a agenda de debates e de sabatinas, já que há muitos sendo agendados para um período tão curto neste segundo turno. Por isso, o candidato irá declinar da participação na sabatina Folha/UOL”, afirmou a campanha do bolsonarista.
Além de Tarcísio, Haddad centrou críticas em Bolsonaro, que enfrenta Lula (PT) no segundo turno.
Haddad, no entanto, demonstrou preocupação com a pequena diferença entre Lula e Bolsonaro nas pesquisas de intenções de votos. “A diferença é 53% e 54%, não é 60% a 40%. Então temos que trabalhar muito”, disse o petista, ex-prefeito de São Paulo e ministro da Educação no governo Lula.
Ele usou boa parte do tempo da sabatina para fazer críticas à postura de Tarcísio, que desistiu de participar de debates e entrevistas nesta segunda etapa da campanha. O candidato dos Republicanos esteve somente no debate realizado pela Bandeirantes no dia 10 de outubro e confirmou presença no evento organizado pela Globo na quinta (27).
“O Roda Viva é um programa de entrevista, ele mandou o [Gilberto] Kassab [PSD]. O Kassab é quem vai governar por ele? Ele não é daqui, não conhece os bairros, as cidades, quem vai governar para ele? Depois do debate da Band ele desapareceu, o papel dele é de se apresentar. Tem seis meses de vida pública, não 50 anos como Lula”, disse Haddad, amenizando a postura semelhante de Lula, que declinou convites do SBT e Record.
“O Tarcísio não sabe o que é o Butantã, USP, Unicamp, as polícias, Sabesp. A obrigação dele é se apresentar. Quer pegar o vácuo do bolsonarismo sem se apresentar aqui”, afirmou Haddad.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a campanha de Tarcísio resolveu declinar dos convites após avaliar que, no debate realizado nas Bandeirantes, o bolsonarista se envolveu desnecessariamente em um assunto espinhoso, a possível privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
Na ocasião, Haddad alçou a Sabesp como “maior patrimônio estatal paulista” e apontou que, com a sua privatização, a conta de água pesará ainda mais no bolso da população.
Os aliados de Tarcísio, que é natural do Rio de Janeiro, também acreditam que ele contribuiu, involuntariamente, para esta fama de forasteiro, no momento em que chamou de Campos dos Elíseos o nome do tradicional bairro paulistano Campos Elíseos.
O petista demonstrou otimismo com a divulgação da pesquisa Ipec, desta terça-feira (25). O levantamento aponta empate técnico entre Tarcísio e Haddad com 46% a 43% das intenções de voto, respectivamente.
“Pesquisa é a fotografia do momento, mas traz ânimo. Tenho recebido informações de que, no interior, há uma virada em curso”, afirmou o petista.
“A rejeição ao Tarcísio cresceu muito. Essa ideia de vender a Sabesp, tirar a câmera dos policiais, tornar a vacinação das crianças e funcionários públicos facultativa. Essas promessas, que quer trazer do Rio para São Paulo, são loucuras. São Paulo não vai acatar essas ideias”, afirmou Haddad. “Acho milagre ele ter essa intenção de voto em São Paulo propondo essas barbaridades.”
Em relação ao áudio revelado pela Folha de S.Paulo no qual um integrante da campanha de Tarcísio mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio que terminou com um suspeito morto e interrompeu agenda do candidato em Paraisópolis, Haddad classificou como um ato grave e ilegal.
“Do ponto de vista jurídico, isso é ilegal. Você tem que preservar os elementos para investigação. O cinegrafista não iria apagar uma imagem, aquilo é uma intimidação. Levar para um local e pedir para apagar, isso é crime.”
O candidato também aproveitou para fazer críticas às declarações de Tarcísio sobre o episódio da prisão de Roberto Jefferson, em que o ex-deputado federal resistiu com tiros e granadas no domingo (23).
O candidato dos Republicanos falou à Rádio Bandeirantes que Jefferson “vem demonstrando sinais há muito tempo de estar com a saúde mental prejudicada”.
“Ele é médico para dar laudo de psiquiatra para o Roberto Jefferson? Uma pessoa que tem granada em casa merece algum tipo de defesa, de atenuante. Às vezes parece que são dois universos, o do Tarcísio, que não é paulista, e a realidade. Ele respeitava esse cara até outro dia, agora está chamando ele de louco.”
Questionado se poderá compor um eventual governo de Lula em caso de uma derrota em São Paulo, Haddad diz que o foco é “ganhar o Campeonato Paulista, já ganhamos o Brasileirão [com Lula e Dilma Rousseff], e o Paulistão, não.”
As sabatinas com os candidatos que foram ao segundo turno são transmitidas nos sites da Folha de S.Paulo e do UOL e têm duração de uma hora. A rodada final das disputas estaduais ocorrerá domingo em 12 estados do país.
PRÓXIMAS SABATINAS
Santa CatarinaDécio Lima (PT) – 28/10 – 10h
PernambucoMarília Arraes (Solidariedade) – 28/10 – 16h
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