Eleições 2018

Haddad enfrenta embates e sofre intervenções do PT desde 2004


Warning: Trying to access array offset on value of type bool in /usr/storage/domains/i/idnews.com.br/www/wp-content/plugins/wp-social-sharing/includes/class-public.php on line 81

Haddad enfrenta embates e sofre intervenções do PT desde 2004
     Conflitos atravessaram o período em que foi prefeito de São Paulo (2013-2016) e não há o menor indício de que essa relação vá mudar numa eventual vitória petista

6:31 |IDNews/Folhapress/Via Notícias ao Minuto | 2018SET29  |

Não existe a expressão “idade mínima” no capítulo da reforma da Previdência do programa do PT.

A ideia era contemplada pelos economistas nos esboços e discussões internas, mas foi varrida por decisão da cúpula do partido. Justificativa: a base do PT se aposenta por tempo de contribuição e mencionar idade mínima é pior do que falar em corda em casa de enforcado.

Fernando Haddad, candidato à Presidência pelo partido, aceitou a imposição, mas mandou um recado de que não aceitaria passivamente a canga na sabatina Folha de S.Paulo-UOL quando disse que não há “tabu” no debate da Previdência.

Discordâncias, embates e imposições têm sido a tônica da relação de Haddad com o PT desde que ele assumiu o primeiro cargo de destaque no governo Lula, o de secretário-executivo do Ministério da Educação em 2004. Os conflitos atravessaram o período em que foi prefeito de São Paulo (2013-2016) e não há o menor indício de que essa relação vá mudar numa eventual vitória petista.

Antes de ser ministro da Educação, Haddad havia criado um programa que trocava dívidas tributárias de universidades por bolsas de estudos para estudantes que não tinham como pagar a mensalidade, o ProUni, uma das vitrines do governo Lula.

Para Haddad, o programa aproveitava uma dívida que se arrastava há décadas por mais pobres nas universidades. O PT, porém, tinha outra visão do ProUni: era um afago em sonegadores contumazes, algo inadmissível para um partido de esquerda.

Lula, que arbitrava as disputas, ficou do lado de Haddad.

Embate ainda mais forte ocorreu quando Lula venceu a reeleição, em 2006. O PT queria tirá-lo do Ministério da Educação e colocar Marta Suplicy, mais afinada com a burocracia partidária, no cargo. Marta chegou a mandar um arquiteto planejar a reforma do gabinete, mas Lula manteve Haddad na pasta.

A primeira vez que Haddad foi chamado de “poste” ocorreu num desses embates com o PT. A base do partido no ABC, capitaneada pelo então deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP), queria trocar o reitor da Universidade Federal do ABC, nomeado por Haddad, por alguém ligado ao partido. Haddad resistiu e ganhou o apelido “poste” com o sentido de não ter jogo de cintura política para atender as demandas do partido.

Foi só em 2018, com a substituição de Lula como candidato a presidente, que poste passou a ter a acepção de substituto sem muitos atributos.

Com Dilma Rousseff na Presidência, a partir de 2011, Haddad perdeu em parte a proteção de Lula e começou a acumular derrotas tanto no MEC quanto na prefeitura.

Quando deputados conservadores anunciaram que o ministério havia criado o que chamavam de kit gay, em 2011, não bastaram as explicações de que se tratava de um material contra o preconceito. Dilma vetou o material para não desagradar a base evangélica que apoiava o PT.

O ápice dos conflitos ocorreu na Prefeitura de São Paulo. Em janeiro de 2013, data tradicional de reajuste das tarifas de transporte em São Paulo, Haddad teve que adiar o aumento a pedido de Dilma, que temia o impacto na inflação.

O represamento foi um desastre. Quando o aumento foi anunciado, as ruas foram tomadas por protestos do Movimento Passe Livre. Haddad buscou socorro no governo de Dilma porque a prefeitura não tinha de onde tirar recursos para congelar o preço da tarifa, segundo ele.

Propôs que Dilma revertesse um tributo sobre combustíveis para as prefeituras, e não para a União. Dilma se recusou e gerou uma das maiores derrotas de Haddad.

O partido impôs outra derrota de peso ao então prefeito no caso que ficou conhecido como a máfia dos fiscais.

Segundo investigação da Controladoria da prefeitura, criada por Haddad, o esquema implantado na Secretaria da Habitação diminuía o valor de impostos de prédios recém-construídos se o incorporador pagasse propina a um grupo que tinha ligações com Gilberto Kassab (PSD).

O prejuízo estimado era de R$ 500 milhões. A direção do PT ordenou que Haddad não deixasse as investigações chegar até Kassab porque havia riscos de ele deixar a base de apoio de Dilma.

O secretário de Governo de Haddad, Antonio Donato (PT), um dos homens fortes de sua gestão, aparecia entre os citados e pediu demissão. Para os petistas ficou galvanizada a imagem de que Haddad não estava nem aí para quadros tradicionais do partido. Todos os inquéritos contra Donato foram arquivados por falta de provas.

Um dos temas que mais geravam atrito com os petistas era a comunicação dos feitos da gestão. A área era chefiada pelo jornalista Nunzio Briguglio, amigo de Haddad, sempre cobrado por petistas para que a prefeitura anunciasse em blogs e veículos simpáticos ao PT. A gestão, porém, preferia jornais, rádios e TVs tradicionais.

Em outubro de 2014, após muita pressão petista, Haddad tirou de Nunzio o controle da verba de publicidade e passou para o secretário de Governo, Chico Macena, petista com bom trânsito no partido. Macena é o tesoureiro da campanha de Haddad e está sendo investigado sob suspeita de uso de caixa dois.

A bancada petista na Câmara também queria que Haddad fizesse mais ações na periferia, reduto dos petistas. Consideravam que programas como as ciclovias eram voltados à classe média.

Donato, que voltara à Câmara após pedir demissão na gestão, usou o plenário para atacar a falta de debate na criação de ciclovias. Para ele, a implantação devia ser debatida “não só com ciclistas, mas com moradores, comerciantes e todos os envolvidos, porque a rua não é só do ciclista”.

Para piorar a situação com os petistas, Haddad mantinha relação amistosa o então governador Geraldo Alckmin”(PSDB), a quem elogiava. Ao deixar a prefeitura, disse que transmitia o cargo a João Doria como “a um irmão”, o que desagradou sua base, uma vez que o tucano sempre fez duras críticas a Lula.

Por outro lado, Haddad culpou Dilma pelo descumprimento das metas. Na campanha de 2012, ele propagandeou que a parceria renderia R$ 9 bilhões, mas nem R$ 2 bilhões chegaram à cidade.

Petistas dizem que hoje Haddad está mais preparado para lidar com as pressões partidárias. Neste ano, ele aderiu à corrente majoritária do PT, a CNB (Construindo um Novo Brasil). Com informações da Folhapress.

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *