Homem negro é espancado após acusação de roubo; advogada aponta racismo
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O pintor diz que o dono do estabelecimento, Pablo Cesar da Silva, 39, e um segurança começaram a esbofeteá-lo para que ele assumisse um crime que não cometeu.
O pintor Wellington Conceição da Silva, 31, foi espancado após ser injustamente acusado de roubo em um bar em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio.
As agressões, ocorridas na madrugada de sábado (7), foram gravadas em vídeo e viralizaram nas redes sociais. Silva diz que os agressores são um segurança do bar e o dono do estabelecimento, que nega a autoria do crime.
No vídeo, Silva aparece sentado em uma calçada, com o rosto inchado e repleto de escoriações. “Por que você veio roubar aqui?”, questiona o agressor, que não aparece no vídeo.
As imagens mostram o pintor sendo chutado no rosto ao mesmo tempo que tenta se defender das acusações.
À reportagem, Silva disse que não se lembra muito daquela noite, apenas que encontrou brevemente com com um amigo no bar e que, quando cada um seguiu seu caminho, ele foi arrastado para a calçada perto do bar Papo de Amigo, no bairro Mangueira.
O pintor diz que o dono do estabelecimento, Pablo Cesar da Silva, 39, e um segurança começaram a esbofeteá-lo para que ele assumisse um crime que não cometeu.
“Ele [o dono] me bateu até mais que o segurança, pelo que me lembro”, diz Silva.
“Não existia furto, não existia pessoa [que teria sido roubada], não existia nada. Acho que queriam justificar essa brutalidade para jogar nas redes sociais”, afirma a vítima.
À reportagem, o empresário negou o crime e afirmou que o caso não tem nada a ver com seu bar. Pablo diz que “estão botando o bar no acontecimento, mas não ocorreu dentro dele. Foi tudo na rua”.
Segundo ele, os agressores e a vítima passaram pela casa noturna, mas levaram a briga para o lado de fora após Silva sair correndo e pular o muro de uma casa da rua enquanto fugia de uma garota.
No entanto, o vídeo mostra que os agressores que acusam Silva de roubo dão a entender que são ligados ao estabelecimento, quando afirmam que estavam “trabalhando igual você, rapá [sic]”.
A reportagem procurou a Polícia Civil sobre as investigações do caso, mas não obteve retorno.
RACISMO ESTRUTURAL
A advogada de Silva, Rejane Ferreira Moço, 42, diz acreditar que ele é “mais uma vítima do racismo estrutural presente na nossa sociedade”.
“Ele foi confundido com um ladrão pelo simples fato de ser negro e, junto com ele, não tinha sequer um objeto, uma vítima que apontasse ele como se tivesse cometido aquele crime”, disse Rejane.
Ela pedirá à Justiça a retirada do vídeo do ar e que Pablo pague uma indenização pelos danos materiais e morais acometidos ao pintor. A imagem de Silva foi borrada nesta reportagem para não expor a vítima.
|IDNews® | Folhapress | Beto Fortunato |Via NBR | Brasil