Indicado para a Petrobras já defendeu paridade de preços de combustíveis
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Coelho foi indicado nesta quarta-feira (6) para substituir o general Joaquim Silva e Luna no comando da estatal, após o consultor Adriano Pires rejeitar o convite do governo para o cargo.
Indicado pelo governo para presidir a Petrobras, o químico José Mauro Coelho já defendeu a prática de preços internacionais dos combustíveis no país, alegando que preços artificiais poderiam causar desabastecimento do mercado.
Coelho foi indicado nesta quarta-feira (6) para substituir o general Joaquim Silva e Luna no comando da estatal, após o consultor Adriano Pires rejeitar o convite do governo para o cargo. Coelho tem uma carreira de 14 anos na área energética do governo, de onde saiu em 2021 para se recolocar na iniciativa privada.
Em entrevista à TV Brasil em outubro, pouco antes de pedir demissão, ele reforçou argumento da estatal sobre a necessidade de praticar preços alinhados às cotações internacionais, já que o Brasil é importador de parte do volume de combustíveis que consome.
“Temos que ter os preços no mercado doméstico relacionados aos preços de paridade de importação. Se assim não fosse, não teríamos nenhum agente econômico com aptidão, ou com vontade de trazer derivados para o país. E teríamos risco de desabastecimento”, afirmou.
Ele argumentou que a escalada dos preços era um problema global, reflexo da recuperação das cotações internacionais após o período mais duro da pandemia.
“A Índia, por exemplo, tem hoje os maiores preços da história. A Espanha está experimentando maiores preços desde 2014. É uma questão que vem impactando o mundo de maneira geral e também impacta nosso país.”
E defendeu a proposta de mudança no modelo de cobrança do ICMS sobre os combustíveis, bandeira do presidente Jair Bolsonaro (PL) que acabou sendo aprovada pelo Congresso em março.
Coelho iniciou sua carreira pública na EPE (Empresa de Pesquisa Energética), estatal responsável pelo planejamento do setor, de onde saiu em 2020 após ocupar por cerca de quatro anos o cargo de diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis.]
Durante o governo Lula, colaborou com o desenvolvimento do novo marco legal do petróleo e gás, que instituiu os contratos de partilha da produção e a exclusividade da Petrobras na operação do pré-sal, modelo derrubado anos depois pelo governo Michel Temer.
O modelo garantiu à União participação na produção dos maiores campos de petróleo do país, mas foi criticado pelo mercado por dar à Petrobras o controle sobre as operações e por suspender por cinco anos os leilões de áreas do pré-sal.
Em 2020, Coelho assumiu a secretaria de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, onde trabalhou com o atual ministro, Bento Albuquerque, e de onde se demitiu em meio a pressões de caminhoneiros contra os altos preços dos combustíveis.
Em nota divulgada na época, o ministério adiantava que ele saía para atuar no setor privado. “Após o período regulamentar de quarentena, José Mauro retornará ao setor energético nacional, agora para assumir novos desafios na iniciativa privada brasileira”, disse em nota divulgada na época o ministério.
Atualmente, Coelho ocupa o cargo de presidente do conselho de administração da PPSA (Pré-Sal Petróleo SA), estatal responsável por representar o governo nos contratos de partilha da produção do pré-sal, que dão à União parte do petróleo extraído.
Formado em química industrial, Coelho foi professor universitário entre 1995 e 2007 e teve uma passagem pelo Exército entre 1983 e 1991, como oficial de artilharia, segundo o MME. Escreveu três livros sobre o setor de petróleo, com foco nos segmentos de refino e distribuição de petróleo e gás natural.Durante sua passagem pela EPE, a estatal apresentou estudo sobre a expansão da malha brasileira de gasodutos, que via potencial para a construção de 16 novos trechos no país, entre eles um ramal ligando o São Carlos (SP) a Brasília, projeto que já foi do empresário Carlos Suarez.
O estudo, de 2019, não era determinativo, isto é, apresentava possíveis soluções para levar gás de pontos de fornecimento a mercados em crescimento ou ainda não atendidos pela malha em operação para ajudar em decisões de investimento.
Suarez abandonou o projeto porque não conseguiu fechar contrato de fornecimento de gás para uma fábrica de fertilizantes que a Petrobras planejava construir no Triângulo Mineiro, considerada fundamental para financiar a tubulação.
“Com o Novo Mercado de Gás, vamos ter preços mais competitivos e, com preços mais competitivos, podemos ter demanda”, afirmou Coelho na época do lançamento do estudo. A EPE previa gastos de ao menos R$ 7,2 bilhões nesse projeto.
As relações com Suarez ajudaram a derrubar as indicações de Adriano Pires e Rodolfo Landim para o comando da Petrobras e de seu conselho de administração, respectivamente.
A nomeação pegou o mercado de surpresa, mas foi bem recebida no setor de petróleo. Já investidores ainda buscam informações sobre o executivo.
O coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, criticou a indicação dizendo que Coelho é “mais um burocrata, conveniente, cordato e defensor das privatizações e da atual política de preços dos combustíveis”.
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