Intervenção federal inicia fase fora do Grande Rio
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Intervenção federal inicia fase fora do Grande Rio
Angra foi a primeira cidade escolhida por causa do crescimento da violência
7:46 | 2018MAR23 - Intervenção
A intervenção federal no Rio de Janeiro entrou nesta quinta-feira (22) em uma nova fase. O Exército estendeu sua atuação para fora do entorno da capital fluminense e fez uma operação na cidade turística de Angra dos Reis, no sul do estado.
Essas áreas são consideradas importantes porque foram justamente os locais para onde o tráfico de drogas expandiu seus territórios em reação ao projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), que ocupou favelas na capital anos atrás.
A operação ocorreu sob a intervenção federal na segurança pública do estado. A medida, inédita, foi anunciada pelo presidente Michel Temer (MDB) em 16 de fevereiro, com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.
Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto, que atua como chefe das forças de segurança do Estado, ao acumular a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando.
Braga Netto, na prática, é o responsável pelas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco, 38, e de seu motorista, Anderson Gomes, 39. As mortes ainda não foram esclarecidas, e os assassinos seguem foragidos.
AÇÃO EM ANGRA
Em Angra, nesta quinta, a ação ficou concentrada na Comunidade do Frade. Segundo o CML (Comando Militar do Leste), a operação envolveu cerco, estabilização da área e desobstrução de vias. Moradores relataram que os traficantes conseguiram fugir da favela. Segundo eles, não houve troca de tiros com a chegada das Forças Armadas pela manhã.
Eles dizem que os militares cercaram a favela, que fica num morro, à beira da rodovia Rio-Santos. O tráfico na região é todo ligado à facção Comando Vermelho.
Em fevereiro, operação do Bope (Batalhão de Operações Especiais), grupo de elite da Polícia Militar, deixou oito mortos na comunidade.
O problema de recrudescimento da violência em Angra afeta principalmente os moradores das favelas, as quais cresceram muito nas últimas duas décadas. Vez ou outra atinge também os turistas.
A violência nas favelas da cidade está em seu pior patamar, e não é de hoje. No Mapa da Violência de 2016, com dados de 2015, a cidade já era a 17ª do Estado em proporção de mortes por arma de fogo por 100 mil habitantes.
A taxa era de 29,6. Até novembro de 2017, 153 pessoas haviam morrido de forma violenta na cidade, quase o total de 2016 (158), ano que registrou a maior quantidade dessas mortes desde o início da série histórica, em 2003.
Segundo o delegado responsável pela área, Bruno Gilaberte, a maior parte dessas vítimas era ligada ao tráfico. Sendo assim, os principais afetados são os moradores de favelas, que hoje representam 34% da população da cidade.
Além da suspeita de migração de criminosos do Rio devido à instalação das UPPs na capital, o delegado explica o recrudescimento da violência de três formas: o aumento do poder bélico do tráfico, a expansão e capilaridade das facções e a falta de oportunidades de trabalho.
A cidade vive principalmente da renda advinda pela concentração de estaleiros e usina nuclear, além do funcionalismo público. Os dois primeiros estão fechando milhares de postos de trabalho. O estaleiro Brasfels chegou a ter 12 mil contratados. Hoje tem cerca de 2.000, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos.O Exército também patrulhou nesta quinta-feira a Vila Kennedy, comunidade na zona oeste do Rio.
Nas duas ações do dia, foram empregados 1.382 militares das Forças Armadas, 270 policiais militares, 50 policiais civis e 19 agentes da Polícia Rodoviária Federal com apoio de blindados.