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Itália faz primeiro suicídio assistido em homem tetraplégico há 12 anos


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Antes de morrer, Federico deixou uma carta de despedida com a associação Luca Coscioni, que defende e luta pela legalização da eutanásia.


Federico Carboni, de 44 anos, tornou-se, na quinta-feira, o primeiro italiano a morrer com recurso à eutanásia, após um processo judicial de dois anos.

Natural de Senigália, ‘Mario’, como foi inicialmente identificado para manter o anonimato, morreu com recurso a uma injeção letal, na sua residência, relata a Europa Press.

Há 12 anos que o homem era tetraplégico, devido a um acidente.

O procedimento foi levado a cabo pelo médico Mario Riccio, ainda que tenha sido o próprio doente a administrar a injeção, com o único dedo que conseguia mexer.

Além disso, foi Federico quem adquiriu a droga utilizada, pela qual pagou cinco mil euros, obtidos através de uma angariação de fundos realizada pela associação Luca Coscioni, que defende e luta pela legalização da eutanásia, e que o auxiliou na batalha legal de dois anos, que culminou no dia 9 de fevereiro.

O homem deixou uma carta de despedida com a entidade, lamentando ter de se despedir da vida, mas confessando estar “exausto a nível mental e físico”.

“Não nego que lamento dizer adeus à vida, seria falso e mentiroso se dissesse o contrário, porque a vida é fantástica e só temos uma. Mas, infelizmente, aconteceu assim. Fiz tudo para ser capaz de viver o melhor possível e tentar recuperar o máximo possível da minha deficiência, mas agora estou exausto a nível mental e físico”, detalhou Federico, na carta entretanto divulgada pela associação.

“Não tenho o mínimo de autonomia na vida quotidiana, estou à mercê dos acontecimentos, dependo dos outros para tudo, sou como um navio à deriva no oceano. Estou consciente das minhas perspetivas futuras e da minha condição física, por isso estou totalmente calmo quanto ao que vou fazer. Com a associação Luca Coscioni, defendemo-nos atacando, e atacamos defendendo-nos. Fizemos jurisprudência e um pedaço de história no nosso país, e sinto-me orgulhoso e honrado por ter estado ao vosso lado. Agora, estou finalmente livre para voar para onde quiser”, rematou.

O caso reflete uma decisão do Tribunal Constitucional que, em 2019, estipulou que certas formas de eutanásia não são puníveis, no âmbito do julgamento do tesoureiro da associação, Marco Cappato, acusado por ter acompanhado um tetraplégico, Fabiano Antoniani, até à Suíça e, entretanto, exonerado.

Até agora, os italianos que desejassem recorrer ao suicídio assistido tinham de viajar até à Suíça, onde a prática é permitida, uma vez que o Vaticano e os partidos de direita se opuseram firmemente a qualquer tipo de legislação sobre a eutanásia nas últimas décadas.

Ainda assim, cerca de 1,2 milhões de pessoas assinaram, em 2021, uma petição para a realização de um referendo sobre a eutanásia, face ao vazio legal no país, embora em 2017 tenha sido aprovada a lei do testamento vital, que permite indicar os tratamentos que se deseja seguir ou recusar em caso de incapacidade.

| IDNews® |Via NMBR |Brasil|

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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