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João Côrtes diz que tinha ‘pavor de aceitar’ que é gay


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João Côrtes diz que tinha ‘pavor de aceitar’ que é gay

| IDNews® | São Paulo | Folhapress | Via Notícias ao Minuto |Brasil|

“Eu sabia que eu era gay quando tinha uns 14 anos”, contou o ator

IDN – Famosos

João Côrtes, 25, aproveitou o Dia do Orgulho LGBTQIA+ para fazer um corajoso desabafo em suas redes sociais e revelar a seus seguidores que é gay. O ator, que ficou conhecido como “ruivo da Vivo” por causa de um comercial, fez séries e novelas e foi vice-campeão do reality show Popstar (Globo) em 2018. Ele disse que já havia saído do armário para pessoas próximas, mas nunca havia falado sobre isso publicamente.

“Eu sabia que eu era gay quando tinha uns 14 anos”, contou. “Eu sabia, mas na época isso era só um leve impulso. Uma sensação. Era um sentimento abstrato e distante. Nunca soube o que fazer com aquilo. Então eu dobrei e guardei numa caixinha, embaixo do meu caos emocional.”

Ele disse que tentou lutar contra os próprios sentimentos durante muito tempo. “Escondi de mim, dentro de mim, por anos e anos, na esperança de que isso se tornasse cada vez menor, e menos”, revelou. “E o que era distante ficava cada vez mais presente, e o leve e ingênuo impulso se transformava em vergonha.”

Essa batalha, prosseguiu, teve desdobramentos para ele. “Isso me bloqueou emocionalmente, e ainda bloqueia. É uma luta contínua”, afirmou. “Eu sou um homem branco, cis, de uma família de classe média/alta liberal. Ser aceito nunca foi uma questão, mas isso jamais passou pela minha cabeça. E mesmo sendo privilegiado, eu travei.”

João também explicou por que decidiu se manifestar agora. “Não me deixa de ocorrer o quão importante a representatividade é. Cada vez mais”, avaliou. “Passei por todas as fases do processo. Sim, eu joguei esse joguinho insuportável e tedioso: saía com os amigos e fingia olhar para as mulheres, ouvia todos eles falando sobre mulheres. E eu falava junto. E ainda namorei mulheres.”

“Neguei a muita gente, mesmo a amigos que me olhavam e sabiam que eu estava me enganando. Eu dizia ‘não’ pensando em ‘sim'”, relatou. “Com pavor da palavra ‘gay’. Pavor de me tornar outra pessoa. Pavor de aceitar meu lado desconhecido. Pra mim era um abismo. Era compactuar com uma força estranha querendo entrar. E eu gastando toda minha energia pra tentar me manter fiel a um papel que simplesmente não me cabia mais.”

Por causa disso, ele chegou a tentar mudar quem ele era. “Eu controlava e censurava minha maneira de falar, de vestir, de sentar, de dançar, de olhar. Censurava minhas referências, meus pontos de expressão e de representação”, contou. “Eu fugia de mim mesmo como um rato foge do gato. Essas invasões pra mim hoje são bizarras e humilhantes, mas na época isso acontecia com naturalidade. Discrição era padrão e me parecia benigno.”

“A vergonha pode ser pesada e muito barulhenta, mas ela também pode se esconder atrás do conforto e conveniência”, avaliou. “Mas a vergonha de si mesmo é sempre violenta. E te corrói. Eu não quero compactuar com a ideia de que ser gay é um problema a ser resolvido. Eu sou extremamento grato por ser gay. É uma bênção.”

Ele ainda deixou um recado para quem se sentia como ele. “Se você é gay, bi, trans, não-binário ou ainda se questionando, se você está confuso, está sentindo dor ou vergonha ou humilhação ou se sente sozinho: você não está sozinho e vocês fazem o mundo muito mais interessante, surpreendente e suportável”, escreveu. “Para todos os queers, desajustados, outsiders e amores da minha vida: eu amo vocês. Amo e estou aqui por vocês. Prometo que depois da tempestade a vida fica bem melhor. Confia.”

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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