Lava Jato, Meire Poza é pivô de provas ilegais
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Lava Jato, Meire Poza é pivô de provas ilegais, de acordo com a reportagem da revista Carta Capital, a operação Lava Jato contou com o uso de provas ilegais, vazamento de informações confidenciais, forja de buscas e apreensões e uma informante infiltrada irregularmente
11:36 | 15/04/2016 Polícia Federal
A revista semanal CartaCapital teve acesso a um conjunto de trocas de mensagens, vídeos, fotos e documentos que revelam que integrantes da Operação Lava Jato podem ter feito uso de provas ilegais, vazado informações confidenciais, forjado buscas e apreensões e usado uma informante infiltrada irregularmente.
O material será divulgado na íntegra nesta quarta-feira (20), na publicação semanal, mas alguns trechos foram adiantados pelo site da revista. São diálogos entre agentes e delegados da Polícia Federal e Meire Poza, contadora e ex-braço direito de Alberto Youssef, principal delator do escândalo de corrupção na Petrobras.
A revista questionou a contadora a respeito dos documentos. Meire ameaçou processar o veículo, caso as conversas e dados fossem divulgados. A contadora publicou um livro faz dois meses expondo sua intimidade com os bastidores da operação, mas não revelou na ocasião todas as conversas e nem explicou à reportagem a omissão de tais fatos.
A história que se segue começa a ser contada em meados de 2012, quando a contadora esteve na sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. Poza, ainda não se sabe o motivo, decide denunciar a existência de um esquema de fraudes em fundos de pensão privados operados em conluio pelo doleiro Alberto Youssef e agentes de vários estados. Nenhum depoimento foi colhido e nada foi feito para apurar as denúncias.
Dois anos mais tarde, quando a investigação da Lava Jato ganhou as ruas, em março de 2014, Meire procurou a PF mais uma vez e desta vez foi ouvida. Ela foi recebida em São Paulo pelo delegado Márcio Anselmo, líder do grupo que investigava lavagem de dinheiro por meio de doleiros a partir de Curitiba.
A publicação apurou que foi feito um acordo com a contadora: ela forneceria informações dos investigados e vazaria documentações em troco de não ser processada. E há indícios de que isso de fato ocorreu. Embora seu escritório tenha lavado 5,6 milhões de reais de Youssef, Poza nunca foi sequer indiciada.
Meire tinha em seu poder caixas de documentos com contratos fictícios da RCI, MO Consultoria, GDF e Empreiteira Rigidez. Companhias que só existiam no papel, mas serviam para Youssef receber propina das maiores construtoras do País. Era um acervo que identificou que Youssef recebia dinheiro das maiores construtoras do País por serviços que nunca prestou.
Entre os trechos publicados pela reportagem das conversas entre Pozo e o delegado Márcio Anselmo pelo aplicativo de conversas WhatsApp estão:
Em 15 de maio – Meire: “O Argolo ameaçou um monte de deputado”. Márcio responde: “Eu descobri pq o boato na semana passada”. O delegado continua: “Eu acho que o argolo, mesmo no sdd, distribuía $$$ para o PP”.
As conversas não se limitam ao delegado. O agente Rodrigo Prado era quem Meire municiava com informações. A contadora faz gravações escondidas com os investigados da operação, encaminha documentos irregularmente e trocam fotos. Numa delas, o agente mostra uma foto de dentro da viatura com um dos investigados.
Ao que parece, outros integrantes da força-tarefa em Curitiba tinham conhecimento da utilização da contadora na operação, como indica um email encaminhado por Meire ao delegado Eduardo Mauat. Estão em cópia na mensagem o delegado Igor de Paula, a delega Érika Marena, o agente Prado e o delegado Márcio Anselmo, nomes relevantes da força-tarefa dentro da PF em Curitiba.
No email, a contadora se diz abandonada pela operação e reclama: “Não vou ficar esperando que algo de ruim aconteça comigo ou com a minha filha. Espero que tenham a sensatez de saber que um erro não justifica o outro. Eu mostrei minha cara, mas foram vocês que colocaram minha vida em risco. Isso eu não vou perdoar nunca.”