Merkel visita Auschwitz pela primeira vez num “sinal de reconciliação”

Merkel visita Auschwitz pela primeira vez num “sinal de reconciliação”

| IDNews |Via Notícias ao Minuto |Brasil|

De acordo com números divulgados pela polícia, as ofensas antissemitas na Alemanha aumentaram quase 10% no ano passado

IDN/Internacional

Achanceler alemã, Angela Merkel, visita hoje pela primeira vez o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau num “sinal de reconciliação com os judeus e o estado de Israel”, segundo opinião do historiador René Schlott.

“Auschwitz é o símbolo do Holocausto, da culpa alemã, mas também da responsabilidade da Alemanha moderna por conseguir um mundo livre de ódio, violência e antissemitismo. Depois do ataque terrorista à sinagoga em Halle (que acabou com a morte de duas pessoas, no dia 9 de outubro), é essencial que a chanceler recorde os alemães dessa responsabilidade”, opinou em declarações à agência lusa o pesquisador do centro Leibniz de História Contemporânea de Potsdam.

O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, o diretor do Conselho Central de Judeus da Alemanha, Josef Schuster, o diretor do Congresso Mundial de Judeus e um sobrevivente de Auschwitz vão acompanhar esta visita.

A chanceler, que tinha 9 anos quando terminou a Segunda Guerra Mundial, vai começar a visita atravessando o conhecido portão com a frase “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta) e vai prestar um minuto de silêncio junto ao “muro da morte” onde milhares de prisioneiros foram alvejados. Está também previsto que Merkel faça um discurso e deixe uma coroa de flores no campo de Birkenau.

De acordo com números divulgados pela polícia, as ofensas antissemitas na Alemanha aumentaram quase 10% no ano passado para 1,646, o nível mais alto da última década. Os ataques violentos cresceram mais de 60%.

O partido de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD), tem se destacado pelo crescente discurso xenófobo. O antigo líder, Alexander Gauland chegou a dizer que o holocausto foi apenas um pequeno ponto na história do país.

“Numa altura em que um partido populista de direita no parlamento pede uma mudança na forma como se olha para o passado alemão, desvalorizando esta parte da história, a visita torna-se de extrema relevância para Angela Merkel”, admite René Schlott.

“Considero também que é um desejo pessoal da chanceler poder visitar o local enquanto ainda está no cargo, como um sinal de reconciliação com os judeus e o Estado de Israel”, completa.

Em 27 de janeiro do próximo ano, será comemorado os 75 anos da libertação dos judeus de Auschwitz-Birkenau  pelos soldados soviéticos. A chanceler já visitou outros campos na Alemanha e o memorial do holocausto Yad Vashem em Jerusalém.