Justiça

Moro libera 1º delator da Lava Jato de usar tornozeleira eletrônica


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Moro libera 1º delator da Lava Jato de usar tornozeleira eletrônica
A única obrigação de Costa agora será prestar quatro horas de serviços comunitários por semana por mais três anos

03NOV2016| 8.47
Paulo Roberto Costa

O pior dos pesadelos para os delatores da Lava Jato é a tornozeleira eletrônica. Pois o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa vai ser o primeiro a se livrar do instrumento policial e passa a ter direito a partir desta quinta-feira (3) de não ser mais monitorado pela Polícia Federal (PF), de acordo com a decisão do juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da operação na primeira instância.

Segundo a Folha de S. Paulo, a única obrigação de Costa agora será prestar quatro horas de serviços comunitários por semana por mais três anos, até novembro de 2019.

O juiz recusou o pedido dos procuradores, que queriam que ele continuasse com a obrigação de voltar para casa à noite.

Por precisa ser carregada na tomada, às vezes a cada quatro horas, a tornozeleira é considerada um estorvo. Além disso, pode dar problemas, o que faz com que a PF desconfie de fuga quando se trata de falha.

Paulo Roberto Costa é considerado um dos mais importantes colaboradores porque revelou como o esquema funcionava dentro da estatal e da interface desses negócios ilícitos com os partidos. Foi o executivo quem indicou pela primeira vez que um percentual que variava de 1% a 3% do valor dos contratos ficava com partidos como PT, PP e PMDB.

Assumiu o cargo de diretor do abastecimento pelo PP em 2004, e teve que recorrer ao apoio do PMDB em dezembro 2006, quando seus inimigos tentaram tirar-lhe do posto quando estava internado numa UTI (Unidade de Terapia Intensiva) à beira de morte, conforme o relato que fez ao juiz Sergio Moro. Ele permaneceu na direção até 2012.

Costa foi preso em março de 2014, e conseguiu a liberdade dias depois. Em junho foi preso novamente, desta vez acusado de ter contas secretas na Suíça, pelas quais passaram US$ 23 milhões, e de um suposto risco de fuga.

Após os fatos, ele ainda teria contado que recebera esses recursos da Odebrecht, empreiteira que atualmente negocia seu próprio acordo de colaboração premiada.

Ao todo, o ex-diretor recebeu cerca de R$ 100 milhões em suborno, em valores corrigidos.

Ele devolveu o montante e bens que havia comprado com a propina, como uma lancha e um veículo Land Rover Evoke.

Depois da segundo prisão, Costa mudou de advogados e decidiu fazer um acordo de delação premiada com os procuradores.

Os acordos celebrados por Costa e pelo doleiro Alberto Youssef são considerados dois dos mais importantes da Lava Jato porque desvendaram a corrupção dentro da Petrobras e a forma como a propina circulava entre funcionários públicos, políticos e partidos por meio do doleiro.

Youssef fechou sua delação pouco depois do ex-diretor de abastecimento.

Desde outubro do ano passado, Costa cumpria a pena em regime semiaberto: voltava para casa, em Itaipava, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, às 20h e não podia sair nos fins de semana.

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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