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Internacionais

Mortes motivam rebeliões em presídios do Equador, e 90 agentes são feitos reféns


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Mais de 420 detentos foram assassinados no Equador desde fevereiro de 2021.


Uma série de episódios de violência nos últimos dias agravou a crise de segurança no Equador, palco de um pujante tráfico de drogas e de confrontos cada vez mais frequentes entre facções criminosas.

O Snai, órgão responsável pela administração de presídios do país, informou nesta segunda-feira (24) que cerca de 90 agentes penitenciários eram mantidos reféns em cinco prisões na região de Guayaquil, uma das mais populosas do país. As rebeliões explodiram após a morte de seis detentos em um confronto entre gangues ocorrido na véspera –outras 11 pessoas ficaram feridas.

A crise não se restringe a Guayaquil. Presos de 13 cadeias entraram em greve de fome em dez províncias espalhadas pelo país. Eles reclamam da falta de atenção do governo e da insegurança nos presídios.

Mais de 420 detentos foram assassinados no Equador desde fevereiro de 2021. Os confrontos entre as facções que disputam o controle das cadeias e de territórios para a venda de drogas resultam em crimes chocantes, com o saldo de dezenas de corpos carbonizados, desmembrados e decapitados.

Um comitê de pacificação criado pela equipe do presidente Guillermo Lasso classificou no ano passado as prisões como “armazéns de seres humanos e centros de tortura”. O relatório chama a atenção para o crescimento do tráfico de drogas e da violência no Equador. A taxa de homicídios saltou de 14 para 25 por 100 mil habitantes de 2021 para 2022, segundo o governo.

A crise atual ocorre nas províncias andinas de Imbabura, Chimborazo, Tungurahua, Azuay, Cañar, Loja e Cotopaxi, nas litorâneas de El Oro e Guayas, onde está localizada Guayaquil, e na amazônica Napo. Segundo o Snai, as autoridades dialogam com os porta-vozes dos centros de detenção para conhecer as razões da greve de fome e evitar outras mortes.

Um jornalista da agência de notícias AFP relatou no domingo ter ouvido disparos na unidade prisional de Guayaquil onde ocorreu o confronto entre as facções. Imagens divulgadas pelo Ministério Público mostram áreas destruídas e um buraco no chão do presídio, além de policiais fortemente armados. Numa tentativa de conter a violência, as autoridades reforçaram a segurança em todas as prisões do país.

O ministro do Interior, Juan Zapata, escreveu nas redes sociais que estão em operação “os protocolos para monitorar e executar estratégias de controle, ordem e segurança das pessoas privadas de liberdade”.

No ano passado, uma delegação das Nações Unidas afirmou que a violência nas prisões do Equador foi causada por anos de negligência do Estado com o sistema penitenciário. O presidente Guillermo Lasso, um ex-banqueiro conservador que enfrentou audiências de impeachment por acusações de corrupção –as quais ele nega–, tem se esforçado para lidar com a crescente violência no Equador, um país usado como ponto de trânsito para a cocaína que se desloca para a Europa e os Estados Unidos.

O Equador tornou-se em poucos anos o país da “corrida ao ouro” do narcotráfico. Grandes cartéis de lugares tão distantes quanto México e Albânia estão unindo forças com quadrilhas dos presídios e das ruas, desencadeando uma onda de violência diferente de qualquer outra vista na história recente do país. Em 2021, as autoridades apreenderam 210 toneladas de entorpecentes, o recorde anual do país.

Em outro caso de violência ocorrido no fim de semana, o prefeito de Manta, Agustin Intriago, 38, foi assassinado a tiros neste domingo. A polícia disse que o político, reeleito em fevereiro, estava inspecionando obras públicas na no momento do ataque.

Edwin Noguera, comandante da polícia regional, disse a repórteres que um homem armado saiu de um caminhão roubado e abriu fogo contra Intriago, atingindo-o e a uma mulher que passava pelo local. Ambos morreram devido aos ferimentos.

Agentes de segurança do prefeito reagiram ao ataque e feriram o motorista do veículo, que agora está sob custódia da polícia enquanto recebe atendimento médico no hospital. Noguera disse que o suspeito é um cidadão venezuelano sem antecedentes criminais. Já o suposto atirador fugiu, segundo Noguera.

As autoridades disseram que os policiais encontraram uma granada no caminhão e uma arma que provavelmente foi usada no ataque. Não se sabe o motivo do ataque contra o prefeito, embora a polícia tenha dito que ele relatou ter recebido ameaças de mortes, sem fornecer mais detalhes.

|IDNews® | Folhapress | Beto Fortunato |Via NBR | Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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