Mulheres relatam supostas agressões a crianças por Dr. Jairinho, padrasto do Henry
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Mulheres relatam supostas agressões a crianças por Dr. Jairinho, padrasto do Henry
A polícia investiga a morte do menino, que foi levado já morto a um hospital na Barra da Tijuca no dia 8, com diversas lesões pelo corpo
Duas mulheres relataram em depoimentos supostas agressões a crianças pelo vereador do Rio de Janeiro Jairo Souza Santos, o Dr. Jairinho, namorado da mãe de Henry Borel Medeiros, 4. A polícia investiga a morte do menino, que foi levado já morto pelo casal a um hospital na Barra da Tijuca no dia 8, com diversas lesões pelo corpo.
Segundo o jornal O Globo e a TV Globo, uma das testemunhas, ex-namorada de Dr. Jairinho (Solidariedade), disse que o relacionamento dos dois foi marcado por episódios de violência e acusou o vereador de agredir a sua filha adolescente quando ela tinha 4 anos.
A mulher, que não teve o nome revelado, disse que sua mãe recebeu uma ligação do político na última sexta (19), oito anos após o término da relação, e que se sentiu ameaçada com o telefonema depois de tanto tempo sem contato. Segundo a mãe, ele teria perguntado apenas se sua filha e sua neta estavam bem.
Uma segunda testemunha que também não foi identificada teria descrito, em depoimento na madrugada de terça (23), agressões recorrentes de Jairinho a seu filho, ainda de acordo com o jornal. Ela disse que não o denunciou na ocasião por ter medo de retaliações.
Em 2014, a ex-mulher de Jairinho, Ana Carolina Ferreira Netto, registrou uma ocorrência afirmando que sempre foi vítima de violência do vereador e que, certa vez, ele tentou enforcá-la, mostrou a TV Globo. À emissora, porém, ela negou que tenha feito o registro.
O menino Henry é filho da professora Monique Medeiros, com quem Jairinho mora desde outubro. A criança passou aquele fim de semana com pai, o engenheiro Leonel Borel, que o deixou no condomínio da mãe e do namorado no domingo (7), sem lesões aparentes.
Na mesma madrugada, Monique e Jairinho levaram o garoto às pressas para o hospital, onde ele chegou já morto. Um exame de necropsia concluiu que as causas do óbito foram “hemorragia interna” e “laceração hepática” (lesão no fígado), produzidas por uma “ação contundente” (violenta).
No hospital o casal disse que estava em outro quarto quando ouviu um barulho emitido pela criança e se levantou para ver o que havia acontecido. Chegando lá, teriam visto o menino caído no chão, com os olhos revirados, as mãos e pés gelados e sem respirar. Depois, na delegacia, eles não mencionaram a parte do barulho.
Questionado sobre os três relatos de agressões feitos pelas mulheres, o advogado de Dr. Jairinho, André França Barreto, perguntou à reportagem se uma delas era a que havia “tatuado o nome de Jairinho? Que perseguia ele bizarramente [segundo a ex-esposa]? Que diz que procurou o pai [de Henry] Leonel para apresentar a sua versão dos fatos, ao invés de ir para a delegacia?”.
Em seguida, Barreto enviou à reportagem três depoimentos escritos à mão, que ele diz terem sido escritos e entregues à polícia nesta semana. As cartas são assinadas pelo primeiro filho do vereador, Luiz Fernando Abidu, por sua mãe, Fernanda Abidu Figueiredo, e pela ex-mulher Ana Carolina Ferreira Netto -com quem ele tem mais dois filhos.
Luiz Fernando, 24, escreveu que o pai “nunca levantou a voz contra mim, nunca me encostou um dedo. Tudo sempre foi resolvido através da conversa e com muita compreensão. Minha infância foi marcada apenas por coisas boas e a figura do meu pai teve papel central nisso tudo. A relação dos meus pais sempre foi de muita cumplicidade, amizade e amor, mesmo não estando mais juntos”.
Já sua mãe, Fernanda, diz no texto que conheceu Jairinho na infância, começou a namorá-lo aos 16 anos e três anos depois engravidou: “Criamos um filho com muita paciência, conversa e a base de tudo o amor por ele [sic]. Que orgulho por Deus ter permitido viver essa nossa história, eu o escolheria mil vezes”.
Ana Carolina, com quem o político teve um relação de 22 anos, diz que Jairinho sempre foi muito presente e preocupado. “Até depois da nossa separação os dias deles com as crianças ele não abria mão. Pra mim chega a ser um absurdo ter que escrever sobre ele pois sempre fez o bem, com os filhos, funcionários, vizinhos…”
OUTROS DEPOIMENTOS
Na última semana a polícia também ouviu várias outras testemunhas. As três pediatras que atenderam Henry no Hospital Barra D’Or confirmaram que a criança chegou sem vida na unidade e com lesões aparentes no corpo, como mostrou o laudo de necropsia.
Nesta quarta (24) foi a vez da avó materna de Henry, a professora Rosângela Medeiros da Costa e Silva. Segundo “O Globo”, ela afirmou que Dr. Jairinho dava presentes e chocolates para agradar o menino e chegou a aplicar uma injeção nele quando estava resfriado.
Também contou que chegou a ceder parte do terreno onde mora, em Bangu (zona oeste), para que Monique, Leonel e Henry morassem juntos. Depois da separação, em novembro, o neto passou a dormir com a avó cerca de três a quatro vezes por semana. Ela disse que o menino, embora estivesse feliz com o novo lar, tinha “predileção” por sua casa como referência afetiva.
Outra pessoa que prestou depoimento foi a faxineira que trabalhava na casa do casal. Ela limpou o quarto onde Henry morreu antes que a perícia fosse feita. Na delegacia, ela disse que foi avisada naquele dia sobre o que tinha acontecido quando fez a faxina, versão diferente da de Monique e parecida com a de Jairinho, de acordo com a TV Globo.
A mãe do menino afirmou que não contou à funcionária o que tinha ocorrido e, na hora do almoço, falou para ela tirar o dia de folga. Já seu namorado contou que, ao chegar em casa por volta de 10h, ele deparou com Monique, a empregada e uma assessora conversando sobre o que tinha acontecido.
Estão também na lista de testemunhas vizinhos, a psicóloga que atendia Henry desde que os pais se separaram, familiares dos envolvidos, entre outros.
| IDNews® | Folhapress | Via NMBR |Brasil