Mutirão pró-Aliança tem conservadores, tias do zap e fãs de Weintraub
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Mutirão pró-Aliança tem conservadores, tias do zap e fãs de Weintraub
| IDNews | São Paulo | Folhapress | Via Notícias ao Minuto |Brasil|
No último sábado (1°), o partido organizou em São Paulo um mutirão para conseguir assinaturas em prol da criação do Aliança Pelo Brasil
IDN/Política
Saudosistas dos militares, conservadores desde criancinha, tias do zap e até fãs do criticado ministro Abraham Weintraub (Educação) saíram de casa na manhã cinzenta de sábado (1°), em São Paulo, para dar sua assinatura em prol da criação do Aliança Pelo Brasil.
Para facilitar o processo, o ponto de encontro foi o 9° Cartório de Registro de Notas, no bairro do Paraíso. Pregado num poste em frente à entrada, um banner da Aliança dava as instruções básicas para concretizar o apoio.
“Nunca participei de política. Agora eu vivo a política até o sangue, até a medula óssea”, disse a dentista Raquel (não quis dar o sobrenome), que se declara conservadora desde a juventude. “Eu fui uma hippie de direita aos 17 anos”, afirmou.
Entusiasmada com Bolsonaro, afirmou que já está em campanha pela sua reeleição em 2022 e pela vitória de Sergio Moro (Justiça) em 2026.
“Tomara que eles não briguem”, ressalvou, para quem Moro é, ao lado de Weintraub, o melhor ministro do governo. “Meu ídolo é o Weintraub, eu amo o Weintraub!”, declarou.
O roteiro cumprido pelos que foram dar sua assinatura para criar o novo partido era simples. As pessoas chegavam e pegavam uma ficha da Aliança com um dos organizadores do evento, caso já não a tivessem imprimido em casa.
Preenchida a ficha, pegavam a fila do cartório para abrir firma (se já não a tivessem) e reconhecê-la. Pagavam taxa de R$ 6,45, preço de tabela do cartório, e entregavam a um integrante do Movimento Conservador na saída do prédio.
O movimento diz que se encarregará de enviar as fichas para um cartório eleitoral para que sejam conferidas. A ideia de reconhecer firma é tentar agilizar o processo de comprovação de que a assinatura é verdadeira.
Muitos faziam questão de tirar foto com a ficha, para guardar de lembrança e terem como uma garantia, caso por algum motivo desapareça. Entre os apoiadores de Bolsonaro, correm boatos, não confirmados, de que os Correios estariam desviando essas fichas.
Outra preocupação era quanto à boa vontade dos cartórios. A dona de casa Nanci de Faria, moradora de São Bernardo do Campo (SP), disse que teve dificuldade para registrar o apoio em sua cidade.
Relatou que primeiro se dirigiu a um cartório no bairro de Rudge Ramos, que teria se recusado a reconhecer firma de apoio à Aliança. “Disseram que se eu quisesse fazer o reconhecimento, ia estar perdendo dinheiro”, afirmou.
Em outro cartório, continuou, não quiseram devolver a ela a ficha, mas enviar diretamente à Justiça Eleitoral. “Isso se chama boicote”, afirmou Faria.
Sua amiga Alessandra Favorin decidiu apoiar a Aliança para ajudar Bolsonaro em sua tentativa de mudar o Brasil.
“O maior problema é o Supremo Tribunal Federal, que impede o presidente de fazer o que é preciso”, diz ela, também fã do ministro Weintraub. “Esse ministro da Educação é nota dez. Está querendo resgatar nossos valores”, afirma.
A reportagem entrou em contato com o cartório que teria se recusado a registrar a ficha. Uma atendente afirmou que ali funciona um cartório de registro civil, e não de notas, e que normalmente esse tipo de serviço não é feito.
A Aliança tenta se viabilizar para a eleição municipal de outubro. São necessárias 492 mil assinaturas validadas pela Justiça Eleitoral até o início de abril.
“Nós vamos conseguir as assinaturas até o final de fevereiro. Já foram obtidas em todo o Brasil mais de 250 mil, em apenas 20 dias úteis de coleta. Daí é com a Justiça Eleitoral”, disse Edson Salomão, presidente do Movimento Conservador.
A entidade organizou mutirões em 70 cidades do interior paulista, além de municípios no Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Em uma hora, foram coletadas 40 assinaturas de apoiadores. Haverá outros mutirões em dias de semana e aos sábados até o dia 21 de fevereiro.
Os cartórios, que prestam um serviço público, não podem dar apoio logístico para a formação de um partido político. Oferecer estrutura material ou dar isenção das taxas cobradas é vedado, por exemplo.
Não havia sinais de favorecimento no mutirão de sábado. O horário de funcionamento do cartório, das 9h às 12h, é o normal para este dia da semana.
O aposentado Dermeval Rodrigues, do bairro do Jabaquara, levou para casa mais dez fichas de apoio à Aliança para familiares, mas se frustrou ao saber que cada um teria comparecer ao cartório para reconhecer firma.
“O jeito vai ser cada um tentar fazer isso durante a semana mesmo”, afirmou. Mecânico que trabalhou na Varig, companhia aérea que faliu há dez anos, ele diz que na época do regime militar sua vida era muito melhor.
“Na Varig a gente tinha ambulância para atender aos funcionários que trabalhavam no aeroporto. Daí, quando a CUT assumiu o sindicato, venderam as ambulâncias para comprar carros de som”, reclama.
A melhor qualidade do presidente Bolsonaro, afirma ele, é a ausência de corrupção. Mas e o caso Queiroz?”Tem que apurar, o presidente já falou. E se o cara estiver errado, vai pra cadeia. Nem que seja o filho do presidente”, afirmou ele, que elegeu Moro, Paulo Guedes e Weintraub como os melhores ministros do governo.
Outra apoiadora presente, a aposentada Denise de Freitas disse que, quando o partido for criado, pretende se filiar. Será sua primeira experiência de militância política.
E ela disputaria algum cargo eleitoral? “Não! Sou apenas uma tia do zap”, afirmou.