‘Não se pode satanizar indicações políticas’, diz presidente da Caixa
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‘Não se pode satanizar indicações políticas’, diz presidente da Caixa
Declaração foi dada após Temer mandar afastar quatro dos 12 vice-presidentes do banco que estão sendo investigados pela PF
17JAN2018| 13:55 - Satanizado/Defesa - Foto: © José Cruz/Agência Brasil
O presidente Michel Temer determinou, nessa terça-feira (16), o afastamento de quatro dos 12 vice-presidentes da Caixa Econômica Federal (CEF), investigados em operações da Polícia Federal.
“Para não deixar o lugar vago, preciso nomear interinos. Farei hoje, por 30 dias. Caso não se resolva, aí o Conselho é o competente para prorrogar a interinidade desses vices-presidentes. Os outros continuam afastados enquanto não se dá ampla defesa”, disse Occhi, em entrevista ao blog da Andreia Sadi, no portal G1.
Ele ainda considerou que não se “pode satanizar as indicações políticas”. “Elas são normais, ainda mais em um banco público. Não se pode generalizar. É uma minoria. Tem muita gente honesta e com ética no banco”, avaliou.
Para Occhi, as suspeitas envolvendo o banco estão ocorrendo por conta de “duas pessoas que passaram por aqui, e, hoje, estão presas”, referindo-se ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) e ao ex-dirigente do banco Fábio Cleto – indicado por Eduardo Cunha.
Afastamento
A determinação de Temer pelos afastamento foi anunciada, segundo a Agência Brasil, oito dias depois que o governo federal não seguiu a recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para exonerar todos os 12 vice-presidentes do órgão.
Na última quinta-feira (11), os procuradores responsáveis pela Operação Greenfield enviaram um novo ofício ao presidente, desta vez alertando que ele poderia ser responsabilizado por “eventuais novos ilícitos” cometidos pelos gestores do banco. No documento, encaminhado inicialmente à Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, os membros do MPF colocam como data final para atendimento à recomendação o dia 26 de fevereiro.
Eles solicitam também que sejam anexados aos autos o relatório das investigações feitas por um escritório independente de advocacia contratado pela Caixa, o ofício enviado anteriormente a Temer e uma recomendação do Banco Central, de “teor semelhante” ao enviado pelo Ministério Público.
Na semana passada, o Palácio do Planalto disse que não cumpriria a recomendação.
A Operação Greenfield investiga indícios da existência de um esquema de cooptação de testemunhas para que não contribuíssem com a apuração de supostas irregularidades envolvendo fundos de pensão.
O primeiro pedido havia sido encaminhado a Temer no final do ano passado. Além das investigações em andamento, os procuradores citam a relação de alguns desses executivos com o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos presos por denúncias de corrupção.
Na sexta-feira (19), o Conselho vai aprovar um novo estatuto que dará ao presidente do conselho (a secretária do Tesouro) o poder de indicar e exonerar os vices da Caixa.
Funaro
Occhi foi indicado pelo PP. Ele foi delatado por Lúcio Funaro, apontado nas investigações como operador de propinas. Segundo Funaro, Occhi tinha “meta mensal” de propina para distribuir a políticos do PP com dinheiro da Caixa.
Occhi nega “veementemente” a declaração. A auditoria da Caixa recomenda que a declaração de Funaro sobre Occhi seja aprofundada.