Odebrecht emprestou dinheiro à Carta Capital a pedido de Mantega
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Odebrecht emprestou dinheiro à Carta Capital a pedido de Mantega
Cerca de 85% do empréstimo já teria sido quitado pela editora, segundo delator Paulo Cesena
13DEZ2016| 9:51 Paulo Cesena
O ex-executivo da Odebrecht Paulo Cesena afirmou, em delação premiada, que a empreiteira fez dois empréstimos para a Editora Confiança, responsável pela revista Carta Capital, no valor de R$ 3,5 milhões, entre 2007 e 2009, a pedido do então ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Cerca de 85% do empréstimo já teria sido quitado pela editora, de acordo com Cesena, por meio de eventos que tiveram o patrocínio da Odebrecht. As informações são de O Globo.
“Em uma das reuniões que tive com a diretora administrativa da editora, Manuela Carta, a mesma apresentou-me o planejamento de eventos que a editora iria promover e questionou-me acerca do interesse em patrociná-los e que usaria esses recursos para amortizar o mútuo”.
Entre as provas, Cesena entregou e-mails, planilhas demonstrando a alocação de recursos e notas fiscais mostrando o patrocínio aos eventos da Carta Capital.
Segundo Cesena, a ordem para realizar o empréstimo partiu diretamente do presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, que o mandou procurar o jornalista Mino Carta, diretor de redação da publicação, e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, consultor editorial.
“Marcelo Odebrecht me chamou para uma reunião em sua sala, no escritório em São Paulo, e me informou que a companhia faria um aporte de recursos para apoiar financeiramente a revista ‘Carta Capital’, a qual passava por dificuldades financeiras. Marcelo me narrou que esse apoio era um pedido de Guido Mantega, então ministro da Fazenda”, afirmou Cesena à Lava-Jato.
O delator também disse ter entendido que se tratava de algo de interesse do PT.
“Entendi que esse aporte financeiro tinha por finalidade atender a uma solicitação do governo federal/Partido dos Trabalhadores, pois essa revista era editada por pessoas ligadas ao partido”, afirmou.
Ainda de acordo com Cesena, havia receio, por parte de Marcelo Odebrecht, que a editora pedisse mais dinheiro, e por isso ele solicitou que fosse dada uma orientação financeira, inclusive com a elaboração de um plano de negócios, com o objetivo de aumentar as vendas da revista.
Ele também afirmou que participou de reuniões com Mino Carta, Belluzzo e Manuela Carta.
Em resposta à delação, Manuela Carta diz que o delator se expressou mal e que não houve empréstimo, mas um acordo de publicidade que previa um adiantamento de verbas. Segundo ela, tudo já foi quitado, com páginas de publicidade e o patrocínio da Odebrecht a eventos. “Temos tudo contabilizado”, disse Manuela.
Já Belluzzo diz que procurou Marcelo Odebrecht e que foi firmado um acordo financeiro. “Estávamos numa situação difícil e fizemos um mútuo que carregamos no nosso balanço por muito tempo, porque a revista estava precisando de financiamento. Está tudo no balanço da empresa, não tem nada escondido”, disse ele.