Osteoartrite – sensação dolorosa piora no inverno
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Osteoartrite – sensação dolorosa piora no inverno
Reumatologista e docente da Uniara explica as causas da doença
04JUL2017| 14h 57 - Assessoria de imprensa da Uniara
A osteoartrite é considerada uma doença crônica, que se caracteriza pela degeneração da cartilagem das articulações com consequente deformidade dos ossos adjacentes a elas. O reumatologista e professor da Universidade de Araraquara – Uniara, Fábio Andrade Malara, explica que, no inverno, surge uma sensação dolorosa pior do que em outras épocas do ano, por conta da contratura muscular. “Creio que isso se deve ao fato dos músculos ficarem mais contraídos, de o ritmo de exercícios diminuir e das pessoas ficarem mais sensíveis com o frio”, comenta.
Segundo ele, a doença é descoberta, inicialmente, pelas características dos sintomas e depois pelo exame clínico, no qual se observam os sinais próprios da doença. “O exame complementar mais útil, principalmente pelo custo/benefício, ainda é o raio-X simples, no qual observamos a diminuição do espaço articular, chamados osteofitos ou ‘bicos de papagaio’ e, de acordo com o grau das alterações radiológicas bem como do quadro clínico, decide-se por um plano de tratamento”, explica.
Ele afirma que as principais causas da doença podem estar relacionadas com fatores primários e secundários. Os de ordem primária são aqueles que não levaram à degeneração da cartilagem. “Simplesmente ocorre em indivíduos geneticamente predispostos, piorando com o passar dos anos, sendo o tipo de ‘reumatismo’ mais comum, afetando notadamente joelhos, quadris, coluna, pés e mãos”, explica.
Para ele, no caso da osteoartrite primária, o fator genético é bem marcante. “Percebe-se isso pela maior incidência dentro de uma mesma família. Considerando todas as localizações da osteoartrite, o predomínio ocorre em mulheres. Somente nos casos em que a doença atinge os quadris, a maior frequência é em homens”, conclui.
Já os de ordem secundária, segundo o docente, são consequentes de algum trauma na articulação, muito comum em atletas, de uma inflamação crônica, comum nas pessoas que já apresentam artrite reumatoide, e da obesidade, por causa da sobrecarga de peso, principalmente nos joelhos.
De acordo com Malara, a dor pode piorar com o passar dos anos na medida em que a doença progride. Muitas vezes, as alterações observadas no raio-x, mesmo que sejam avançadas, não são acompanhadas de dores. “Em contrapartida, algumas vezes, poucas alterações radiológicas acompanham queixas dolorosas. Chamamos isso de desproporção clínico-radiológica, uma característica da osteoartrite”, completa.
Segundo o docente os sintomas são “dores na articulação, normalmente que piora ao iniciar um movimento, melhorando com o repouso; rigidez articular, principalmente após longos períodos de imobilidade; e deformidades, com aumento do volume das articulações, evoluindo com atrofia da musculatura próxima à articulação atingida. “Em alguns momentos, mesmo em repouso, há a possibilidade de apresentar sinais inflamatórios na articulação, como inchaço, calor local e dor”, salienta.
Tratamento e Mudanças
É muito importante o diagnóstico precoce, para que se inicie o quanto antes o tratamento. “Apesar da evolução da doença normalmente ser lenta, ela é irreversível. Além disso, quando aparecem deformidades visíveis, o quadro já está evoluindo há anos” afirma o reumatologista. Segundo ele, qualquer deformidade nas articulações – por mais discreta que seja – ou dor articular, lombar ou no pescoço, deve ser relatada a um médico.
Para Malara, no tratamento da doença deve haver uma abordagem multiprofissional, em que o médico orienta o paciente sobre os cuidados com o ganho de peso, a postura, as atividades do dia a dia e o uso de órteses como tensores, bengalas e palmilhas.
“O médico também deve realizar um tratamento medicamentoso, com analgésicos, anti-inflamatórios e fármacos para auxiliar na formação e desacelerar a degradação da cartilagem. Podem, ainda, ser indicadas infiltrações ou injeções dentro da articulação”, orienta.
Segundo ele, as cirurgias são recomendadas somente em casos avançados ou quando o tratamento com remédios não tiver resultado. “A cirurgia, nesses casos, pode corrigir o alinhamento articular evitando a concentração de carga em pontos isolados da articulação. A colocação de próteses em joelhos ou quadris pode ser uma alternativa em situações avançadas. Deve-se tentar antes um tratamento clínico, ou seja, medicação, fisioterapia e órteses. Na falha deles, então indica-se cirurgia. Deve-se evitar colocação de prótese em indivíduos jovens, porque ela tem um tempo de durabilidade e deve ser trocada a cada 8 ou 12 anos” explica.
O reumatologista afirma que o doente deve também procurar um fisioterapeuta que possa “orientá-lo na realização das atividades físicas, fortalecimento, ganho de amplitude de movimento das áreas atingidas, atividades da vida diária e postura, além de utilizar recursos para amenizar a dor”.
É importante, ainda, que o paciente procure um nutricionista, um terapeuta ocupacional e um psicólogo, quando há indicações específicas. “Quanto ao tratamento medicamentoso, deve-se evitar a automedicação. Só o médico pode prescrever um analgésico ou anti-inflamatório adequado para cada paciente, pois ele poderá lidar com os efeitos adversos destes fármacos, que nunca são inofensivos”, diz.
Exercícios físicos e alimentação
Os exercícios indicados são aqueles que oferecem menos impactos e carga, em que há ganho de massa muscular sem prejudicar a articulação. “Na verdade, o fortalecimento muscular serve para sustentar a articulação sem que a cartilagem sofra mais sobrecarga”, afirma.
Para ele a dieta deve ser voltada à perda ou à manutenção de peso. “Diferente de outras doenças, a osteoartrite não sofre interferência de alimentos específicos e nem se beneficia de outros. Pelo menos não cientificamente falando”, finaliza.