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Pastores lobistas estiveram mais de 100 vezes no MEC e usavam entrada privativa


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Os pastores tinham acesso direto ao então ministro e chegaram a cobrar propina até em ouro para facilitar a liberação de recursos da educação para prefeito


Os pastores lobistas investigados por atuarem numa espécie de gabinete paralelo no Ministério da Educação estiveram mais de 100 vezes na sede da pasta e no prédio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), durante o governo Jair Bolsonaro. Durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro, exonerado após a série de reportagens do Estadão, os pastores da Assembleia de Deus Cristo Para Todos Gilmar Santos e Arilton Moura tinham a deferência de usar a “entrada privativa” no MEC.

Como revelou o Estadão, os dois tinham acesso direto ao então ministro e chegaram a cobrar propina até em ouro para facilitar a liberação de recursos da educação para prefeitos.

Além do gabinete do ministro, eles frequentaram a Secretaria Executiva do MEC, cujo titular era, na ocasião, o atual ministro Victor Godoy, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, e a Assessoria de Comunicação Social. Os dados fazem parte dos registros de entrada dos pastores nos edifícios-sede dos órgãos, entre 2019 e 2022, e foram obtidos pelo Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação.

Embora tenha um cargo secundário na estrutura religiosa da igreja, o assessor de Assuntos Políticos Arilton Moura era o principal agente do esquema em Brasília. Ele esteve 90 vezes na sede do MEC e 21 no FNDE, segundo os registros do governo federal. Moura foi acusado por prefeitos interessados em receber verbas do MEC de solicitar propina em dinheiro e barras de ouro.

As audiências com o ex-ministro no MEC se estendem até 4 março de 2022, portanto, meses depois de quando Ribeiro afirma ter encaminhado uma denúncia à Controladoria-Geral da União sobre os pastores. Ambos voltaram ao gabinete ministerial no 8º andar do MEC: Arilton Moura, em 13 ocasiões; Gilmar Santos, duas vezes.

O pastor Gilmar Santos, que preside o ramo “Cristo Para Todos” da Assembleia de Deus, foi ao MEC em 13 ocasiões e ao FNDE em 3. Tanto o MEC quanto o FNDE informaram não possuir atas de registro dos assuntos discutidos pelos pastores nas reuniões e tampouco gravações em áudio ou vídeo.

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Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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