Pazuello alerta sobre nova cepa, mas ignora risco de aglomerações
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Pazuello alerta sobre nova cepa, mas ignora risco de aglomerações
Pazuello afirmou que o avanço da doença pode “surpreender” gestores de saúde
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reuniu nesta quinta-feira, 25, representantes de secretarias de saúde de Estados e municípios para alertar sobre uma fase mais grave da pandemia, com aumento de casos e internações por todo o País. “Na nossa visão estamos enfrentando a nova etapa dessa pandemia. Tem hoje o vírus mutado. Ele nos dá 3 vezes mais a contaminação”, disse Pazuello, sem citar a fonte que detalha o cálculo do poder de contágio da nova cepa do Sars-CoV-2.
Pazuello afirmou que o avanço da doença pode “surpreender” gestores de saúde. “Não está centrado apenas no Norte e Nordeste”, disse Pazuello. “Precisamos estar alerta e preparados”, declarou. O ministro, porém, não citou a importância de medidas básicas contra a pandemia, como evitar aglomerações.
Apesar da alta de internações, o presidente Jair Bolsonaro, Pazuello e lideranças políticas de Brasília têm ignorado as recomendações médicas e lotado reuniões no Planalto e Congresso, onde o uso de máscaras é raro. O ministro também sugeriu que foi pego de surpresa pelo aumento de casos, ainda que especialistas alertassem sobre o risco de a pandemia ficar ainda mais descontrolada por causa de aglomerações e festas de Natal e réveillon. “Até o final do ano passado estávamos observando situação de estabilidade em número de casos e óbitos no país como um todo”, declarou o ministro.
O militar fez uma declaração à imprensa no Ministério da Saúde ao lado dos presidentes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Wilames Bezerra. Pazuello disse que a ideia da fala era mostrar o “SUS unido”.
Os presidentes dos conselhos fizeram declarações em tom de alarme e preocupação. Lula disse que o País vive o momento mais duro da pandemia. Já Bezerra afirmou que é preciso voltar a orientar a população a seguir medidas contra o vírus.
“Todos os Estados têm criado mais leitos, mas apenas criar mais leitos não adianta. Precisa de ajuda da sociedade. Tem de entender que não é hora de fazer festa. O que a doença precisa é de pouco ar, ambiente fechado”, disse Lula, titular da Saúde do Maranhão, que afirmou que 15 Estados estão com mais de 90% dos leitos ocupados.
Pazuello se recusou a responder à imprensa após o pronunciamento. Sem transmissão, a fala de Pazuello foi feita em um auditório fechado, em plena pandemia. O ministro anunciou que o governo federal voltará a realizar o financiamento de leitos de UTI de forma antecipada, com depósitos a cada mês para viabilizar o uso destes espaços. O repasse para leitos tem sido uma reclamação de secretários e a gestão João Doria (PSDB) chegou a levar o pleito por mais verbas à Justiça. Sem dar detalhes, o general também citou a possibilidade de mais remoções de pacientes de locais em colapso, mas o presidente do Conass afirmou que os Estados estão “no limite”.
‘Não deixamos ninguém para trás’, diz ministro
Pazuello disse ainda que a vacinação no País está “tendendo à estabilidade em termos de produção e quantidade de doses”. Ele voltou a afirmar que metade da população “vacinável” deve receber o imunizante até metade do ano — menores de 18 anos, por exemplo, ainda não recebem as doses. Ele estimou que a população total que pode ser imunizada é de 160 a 170 milhões de pessoas. O general também disse que a compra das vacinas da Pfizer e Janssen pode ser viabilizada com mudanças na legislação para que a União assuma riscos de efeitos colaterais dos produtos.
Pazuello disse ainda que há três ações “prioritárias” do governo para enfrentar a fase mais aguda da pandemia. A primeira seria o “atendimento imediato” de pacientes em unidades básicas de saúde. Desde o começo da pandemia, o governo falava em “tratamento precoce” e estimulava o uso de medicamentos sem eficácia, como a cloroquina. Mas Pazuello deixou de usar estes termos no momento em que o governo passou a ser investigado pelo estímulo à prescrição de fármacos de eficácia contestada.
Pazuello também citou a nova forma de financiamento de leitos de UTI como uma medida contra esta nova etapa da pandemia. Além destes dois pontos, o general afirmou que é prioridade fortalecer a campanha de vacinação. “Temos quase 1 ano de pandemia. Acredito que o governo federal, o SUS como um todo, não deixamos nada para trás. Não deixamos nada nem ninguém para trás”, disse. O Brasil ultrapassou esta semana a marca de 250 mil mortos pela doença e é o segundo país com mais óbitos pela covid.
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