PF investiga professor (UFRJ) condenado por tramar atentado na França
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PF investiga professor (UFRJ) condenado por tramar atentado na França
A revista “Época” teve acesso aos 35 e-mails trocados entre um interlocutor apelidado Phenix Shadow e Hicheur e descriptografados pela Inteligência francesa
A Polícia Federal brasileira investiga a vida de Adlène Hicheur, argelino naturalizado francês, que dá aulas de Física na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele foi condenado em 2009 a cinco anos de detenção por planejar atentados terroristas na França, enquanto vivia em Paris. Ao ser preso, ele disse que era um “bode expiatório”.
A revista “Época” teve acesso aos 35 e-mails trocados entre um interlocutor apelidado Phenix Shadow e Hicheur e descriptografados pela Inteligência francesa.
Hicheur, que é specialista em física das partículas elementares, fazia parte da equipe da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear em Genebra, na Suíça. Mas, em 2009, tirou uma licença médica e foi para a casa dos pais, na França, onde passou a frequentar um fórum na internet usado por jihadistas e a trocar mensagens com Phenix Shadow — que seria Mustapha Debchi, apontado pelo governo francês como membro da al-Qaeda na Argélia. A polícia francesa identificou potencial de risco nas mensagens e passou a monitorar o professor da UFRJ.
Após obter a liberdade condicional, em 2012, Hicheur mudou informações na Wikipedia que mencionavam o caso, e tentou, sem sucesso, recuperar o emprego no centro de pesquisa. A Justiça suíça também manteve a proibição da presença do cientista no país até abril de 2018.
Mas, as restrições nos países europeus não impediram que o físico viesse para o Brasil, onde conseguiu uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 2013. Desde então, Hicheur vive no bairro da Tijuca, no Rio, e tem visto de trabalho da UFRJ até julho.
Entre 2013 e 2014, Hicheur recebeu R$ 56 mil como bolsista do CNPq — o órgão diz que, ao contratar, faz “análise baseada no mérito científico da proposta e no currículo do candidato”.
Depois, tornou-se professor visitante da UFRJ, com salário de R$ 11 mil por mês. A universidade, segundo a “Época”, informou que a contratação seguiu as normas usuais para professores visitantes estrangeiros, de quem são exigidos passaporte com visto. Encontrado na universidade pela revista, ele negou-se a comentar o caso. “Gostaria de ser deixado em paz. Se você escrever ou falar qualquer coisa, você não imagina as consequências para você e para mim”, afirmou o docente à revista.
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