Plano de Kiev quer ajuda militar por décadas; Rússia vê risco de 3ª Guerra Mundial
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A reação russa ficou a cargo de Dmitri Medvedev, ex-presidente que abandonou a fama de liberal e tornou-se porta-voz da linha-dura sancionada pelo Kremlin, na cadeira de adjunto de Putin no Conselho de Segurança do país.
O governo da Ucrânia publicou nesta terça-feira (13) um plano de garantias de segurança que prevê que a ajuda militar do Ocidente ao país se amplie e seja estendida por décadas.
O texto sugere que países da Otan (grupo militar liderada pelos EUA) possam fazer pactos bilaterais para entrar em guerra em caso de invasão russa, na prática retomando a política de alianças continentais que engendraram a Primeira Guerra Mundial e marcaram a Guerra Fria.
O documento havia sido comissionado pelo presidente Volodimir Zelenski como uma alternativa à ideia de adesão à Otan, um dos motivos pelos quais Vladimir Putin atacou a Ucrânia no final de fevereiro.
Ele parece inexequível, por questões econômicas e diplomáticas, mas será usado como peça de pressão no momento em que Kiev está colhendo os louros de sua primeira contraofensiva bem-sucedida na guerra para pedir mais armas contra os invasores.
A reação russa ficou a cargo de Dmitri Medvedev, ex-presidente que abandonou a fama de liberal e tornou-se porta-voz da linha-dura sancionada pelo Kremlin, na cadeira de adjunto de Putin no Conselho de Segurança do país.
“A camarilha de Kiev pariu um projeto de garantias de segurança, que são essencialmente o prólogo para a Terceira Guerra Mundial. É claro que ninguém irá fornecê-las aos nazistas ucranianos”, escreveu em seu canal no Telegram.
Ele criticou especialmente a ideia de que países da Otan possam firmar pactos militares com a Ucrânia, se comprometendo a defendê-la. Para Medvedev, isso significa “aplicar o artigo 5º da Carta da Otan à Ucrânia” -o instrumento prevê que todos os 30 membros da aliança socorram um que seja atacado.
O belicoso ex-presidente foi além, ao criticar o já enorme influxo de armas ocidentais para o vizinho. “Se esses estúpidos continuarem enviando as mais perigosas armas de forma desenfreada para o regime de Kiev, uma hora a campanha militar vai atingir um outro nível”, ameaçou.
Na atual ofensiva no norte do país, o uso de armas americanas tem se mostrado importante. Morteiros M777 e lançadores de foguetes Himars destruíram centros de comando e arsenais russos atrás da linha de frente, e mísseis antirradar americanos foram adaptados aos caças ucranianos. Os EUA treinaram 1.475 soldados ucranianos para usar esses e outros armamentos.
Bravatas à parte, o plano de Kiev é provocativo. Para se conter da Rússia, o país precisa de capacidades “que exigem um esforço sustentado por várias décadas na base industrial de defesa da Ucrânia, transferência de armas em escala e apoio de inteligência por parte de aliados, missões de treinamento intensivo e exercícios conjuntos sob as bandeiras da União Europeia e da Otan”.
O texto fala especificamente em aquisição de capacidades antiaéreas efetivas, que “fechem o céu” sobre o país –uma demanda que remonta ao início do conflito, ainda que a Força Aérea russa não tenha sido empregada em grande número na guerra.
Há, por fim, a questão do financiamento de tal empreitada. Só os EUA já empenharam cerca de US$ 15 bilhões (R$ 76,3 bilhões) em ajuda militar para Kiev, mas a Europa é bem mais reticente.
O governo de Putin conta com sua mão pesada sobre as torneiras do gás russo para o continente no inverno para aplacar ainda mais a ajuda europeia, particularmente a alemã -não por acaso, Berlim foi fustigada pelo chanceler ucraniano nesta terça.
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