Polícia investiga assassinato de indígena de 14 anos em aldeia no sul da Bahia
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Os autores do crime, ainda não identificados, teriam atingido outro adolescente, de 16 anos, com um tiro no braço
A Delegacia Territorial de Prado está investigando o assassinato do adolescente indígena Gustavo Conceição da Silva, de 14 anos, que foi vítima de disparos de arma de fogo na madrugada do último domingo, 4, em uma fazenda em Prado, município do extremo sul da Bahia. Os autores do crime, ainda não identificados, teriam atingido outro adolescente, de 16 anos, com um tiro no braço. O menor foi encaminhado a um hospital da região, mas já está em casa.
De acordo com informações da Polícia Civil, a autoria e a motivação ainda estão sendo investigadas, e os laudos periciais da Polícia Técnica irão ajudar na apuração do caso.
Em nota, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirma que houve uma invasão do Território Indígena Comexatibá por grupo de pistoleiros, todos munidos com armas calibre 12, 32, fuzil ponto 40 e bomba de gás lacrimogêneo. Eles teriam chegado ao local em um carro modelo Fiat Uno, efetuando os disparos contra os índios.
A entidade afirma que o clima na região é tenso e de muita tristeza. “Esse ataque não é isolado, faz parte de uma série de atentados que tem se intensificado na região”. A Apib afirma que a falta de demarcação no território tradicional Pataxó tem sido decisiva para o agravamento do quadro.
Secretário de Assuntos Indígenas do Prado, Xawâ Pataxó afirmou na tarde desta segunda-feira, após o sepultamento do jovem, que a situação de tensão na área já dura dois meses, e que os índios estão vivendo em meio a total insegurança.
Ele disse também que os autores dos ataques permanecem na região, ameaçando lideranças indígenas, o que motivou o fechamento, promovido pelos indígenas, dos acessos às terras ocupadas. “Precisamos que a Polícia Federal se encaminhe para o local visando a garantir a segurança do nosso povo”, disse ele.
À tarde, reunidos em Prado, caciques Pataxó divulgaram uma nota oficial em que pedem que sejam identificados e criminalizados “os assassinos de nosso(s) parente(s), os agentes locais que operam na propagação de mentiras e fakenews para dar suporte e justificar a violência”.
O grupo, que reivindica a demarcação das terras Barra Velha e Comexatiba, pede ainda que a Polícia Federal assuma o comando “para desintrusão e retirada das milícias e pistoleiros contratados para espalhar a morte e o terror no nosso território, ao longo das estradas de servidão e acessos vicinais”.
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