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Preso 5 vezes, Garotinho se diz perseguido e descarta golpismo de Bolsonaro


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Anthony Garotinho (União Brasil) diz ter sido alvo de uma perseguição de um setor do Judiciário e do Ministério Público


Mais uma vez pré-candidato ao Governo do Rio de Janeiro, o ex-governador Anthony Garotinho (União Brasil) diz ter sido alvo de uma perseguição de um setor do Judiciário e do Ministério Público. Preso cinco vezes, ele acumula ao menos duas condenações em segunda instância, por improbidade administrativa e compra de votos.

“Não fui preso acusado de enriquecimento ilícito, nunca fui acusado de ter roubado nada. A coisa era tão escandalosa e política contra mim que eu entrava e saía [da prisão]”, afirma.

Em 2018, o TSE rejeitou por unanimidade sua candidatura ao Governo do RJ, em função da Lei da Ficha Limpa, devido à condenação por ato doloso de improbidade administrativa. Garotinho diz acreditar, porém, que “essa questão é superada”.

“Se amanhã aparecer outro problema, não duvido nada, tenho muitos inimigos aqui no Rio”, afirma.

Em maio de 2018, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro condenou Garotinho por improbidade sob acusação de fraudes na saúde durante o governo de sua mulher, Rosinha Matheus (2003-2006), que teriam gerado mais de R$ 234 milhões de danos ao erário.

Em março do ano passado, em outra ação, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro elevou a condenação de Garotinho a 13 anos e nove meses de prisão e multa por compra de votos nas eleições municipais de 2016.

A partir da Operação Chequinho, o Ministério Público denunciou o ex-governador por uso irregular do programa social Cheque Cidadão, da Prefeitura de Campos dos Goytacazes (RJ), para cooptar votos para seu grupo político. À época, Rosinha era prefeita do município.

A Lei da Ficha Limpa define que políticos condenados por órgãos colegiados (como tribunais de segunda instância) ou cujo processo tenha transitado em julgado ficam inelegíveis desde a condenação até oito anos depois de cumprirem a pena.

Garotinho foi entrevistado em sabatina realizada por Folha de S.Paulo e UOL, na tarde desta quarta-feira (18).

Na terça (17), Garotinho se encontrou com o presidente nacional da União Brasil, Luciano Bivar, para oficializar seu desejo de candidatar-se a governador. Antes, seu nome também era cotado para deputado federal. Nos bastidores, acreditava-se que sua pré-candidatura ao governo seria uma forma de pressionar para ampliar o espaço do partido no governo de Cláudio Castro (PL).

“Chegamos à conclusão que há necessidade de participação de alguém mais experiente com chance de tirar o Rio dessa situação”, diz.

Garotinho afirma que não será candidato a qualquer outro cargo que não seja o de governador. “Se não me derem a vaga, não sou candidato. Não estou procurando emprego de deputado, nem de senador.”

No cenário nacional, ele afirma que não vê possibilidade de golpe do presidente Jair Bolsonaro (PL) e que “não existe esse ambiente nas Forças Armadas”.

O ex-governador diz que é um democrata e que jamais aceitaria qualquer tipo de manifestação contra instituições democráticas. Ele, porém, critica o Judiciário, contra o qual o presidente tem desferido ataques, e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) não pode legislar.

“É preciso também que todas as instituições se coloquem no seu lugar (…) Você viu os excessos que aconteceram em determinadas operações. Não gosto de generalizar, mas temos que tomar cuidado para que não tenhamos ditadura de tipo nenhum.”

Garotinho também embarcou nas mentiras espalhadas por Bolsonaro a respeito da seguranças das urnas eletrônicas. Sem provas, o ex-governador diz que o sistema de transmissão da urna é fraudável. “O comando do sistema de transmissão é humano. E se tiver ali uma pessoa mal intencionada?”

No Brasil, nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas, em uso desde 1996. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) informou no dia 13 de maio que os testes do sistema de votação feitos durante aquela semana, incluindo simulações de ataques hackers, não encontraram falhas que possam atrapalhar o pleito deste ano.

Garotinho não quis responder qual o candidato à Presidência de sua preferência. Ele afirma que precisa esperar o posicionamento da direção nacional do partido para tomar essa decisão.

Diz, porém, que não acredita que o pleito esteja necessariamente entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) -na sua avalição, o horário eleitoral atinge muitas pessoas e pode viabilizar outras candidaturas.

Para Garotinho, tanto Lula quanto Bolsonaro tiveram erros e acertos em seus governos. Ele diz que o petista acertou ao criar o Bolsa Família, mas não atacou a desigualdade. Já Bolsonaro, para ele, adotou uma política econômica liberal “muito ruim” e demorou a garantir a vacinação da população contra a Covid-19.
Questionado sobre o cenário de grave dificuldade fiscal enfrentado pelo estado, o ex-governador afirma que será necessário repactuar o regime de recuperação fiscal e renegociar a dívida do Rio. “Sem isso é impossível. Se não, fica refém de qualquer presidente.”

Durante a entrevista, Garotinho afirmou que os demais pré-candidatos são inexperientes e que não teriam condições de administrar um estado como o Rio de Janeiro, que “está na UTI”.
Ele diz que o governador Cláudio Castro (PL), até o momento o candidato de Bolsonaro no Rio, “fez uma composição política extremamente nociva” para se manter no poder. Garotinho afirma, também, que tem visto muitas práticas semelhantes às do governo de Sérgio Cabral, preso pela Lava Jato, sendo praticadas no estado.

Sobre o problema da segurança pública, Garotinho diz que não entende a criação de uma secretaria de Polícia Civil e outra da Polícia Militar. Ele defende a uniformização de todo o trabalho feito pelas polícias, com o fortalecimento da corregedoria externa.

O ex-governador diz que é preciso aproximar a política de segurança do estado ao que há de mais moderno no mundo, e critica a falta de investimentos em inteligência na polícia. “O Ministério Público tem mais recursos de inteligência do que a própria polícia”, afirma.

Garotinho diz que, em um novo governo, adotaria o policiamento de proximidade, mas que essa não pode ser a única ação. “Não pode achar que só mandando polícia para dentro da comunidade vai resolver. Tem que fazer programa de renda básica, de escolarização em massa, de saneamento. Tem que fazer com que a comunidade não fique refém do dinheiro que circula ali por causa do tráfico, da milícia.”

O pré-candidato também defendeu a implantação de câmeras nos uniformes policiais, medida obrigatória por lei estadual, mas cujo cumprimento está atrasado.

A sabatina foi conduzida pelos colunistas do UOL Kennedy Alencar e Chico Alves e pelo repórter da Folha de S.Paulo Italo Nogueira. As entrevistas são ao vivo, e cada pré-candidato tem direito a 60 minutos de fala.

RAIO-X

ANTHONY GAROTINHO, 62

Nascido em abril de 1960, em Campos dos Goytacazes (RJ). Foi governador do Rio de Janeiro (1999-2002) e deputado federal (2011-2014). Ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2002, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra. Também foi secretário no RJ na gestão de sua mulher Rosinha (2003-2006).

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Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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