Rio receberá contribuições para editais de fomento ao audiovisual
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O Programa de Fomento ao Audiovisual Carioca 2022 é gerido pela RioFilme, vinculada à Secretaria de Governo e Integridade Pública (Segovi), e vai investir no setor, por meio de editais, R$ 55,25 milhões, valor 176% superior às linhas de ação propostas no ano passado.
Até o dia 24 próximo, estará aberta consulta pública para receber contribuições de interessados para os editais do Programa de Fomento ao Audiovisual Carioca 2022, lançado pela prefeitura do Rio de Janeiro.
Na modalidade reembolsável, estão os editais de distribuição de longa-metragem de ficção e animação; complementação ou produção de longa-metragem de ficção e animação; complementação ou produção de documentário para cinema, TV ou streaming; desenvolvimento de projetos para cinema, TV ou streaming e produção de jogos eletrônicos.
Na modalidade não reembolsável, as sugestões são para os editais de produção de novas temporadas de webseries, produção de curta-metragem, apoio às ações locais e apoio a mostras e festivais.
O Programa de Fomento ao Audiovisual Carioca 2022 é gerido pela RioFilme, vinculada à Secretaria de Governo e Integridade Pública (Segovi), e vai investir no setor, por meio de editais, R$ 55,25 milhões, valor 176% superior às linhas de ação propostas no ano passado.
O programa inclui novas linhas de apoio como os editais de Cash Rebate. Essa é uma iniciativa de incentivo a produções cinematográficas que permite o reembolso de despesas realizadas durante a execução de um projeto cinematográfico na cidade.
O edital de Cash Rebate tem valor de R$ 15 milhões e visa atrair investimentos para o Rio. Poderão solicitar apoio produções de filmes e séries internacionais ou de outros estados, inclusive produções publicitárias estrangeiras.
Entre as linhas estreantes no programa de fomento figuram investimento em produção de filmes e séries documentais para cinema, TV e streaming (R$ 2,7 milhões); investimento em produção de novas temporadas de webseries (R$ 600 mil); e distribuição de filmes para salas de cinema, em parceria com distribuidoras, no valor de R$ 3 milhões.
Haverá um edital de investimento em formação profissional, uma demanda do setor. O foco essencial será promover inclusão de jovens no mercado de trabalho e suprir lacunas que criam entraves para o crescimento do mercado. A ação se dará por meio de parceria com instituições de ensino. A linha de investimento em apoio à formação e inclusão de novos profissionais no setor audiovisual contará com R$ 900 mil.
Estão previstos também editais de apoio à participação de produtoras cariocas em festivais e mercados internacionais, no valor de R$ 280 mil. Essa linha, os editais de Cash Rebate e o investimento na área de formação para o setor audiovisual, entretanto, não estarão abertos a inscrições nesse primeiro momento, para que tenham alguns ajustes específicos, mas estarão aptos à concorrência em breve, informou o secretário de Governo e Integridade Pública, Marcelo Calero.
Serão investidos R$ 13 milhões em complementação e produção de longas metragens. Já o apoio financeiro a mostras e festivais a serem realizados no Rio de Janeiro alcançará R$ 4,1 milhões; a linha de apoio a ações locais receberá este ano R$ 500 mil; o investimento em desenvolvimento de projetos de filmes e séries para cinema, TV e streaming terá R$ 3,4 milhões; o apoio à produção de curtas-metragens teve os recursos ampliados para R$ 1,12 milhão; e o edital de desenvolvimento de protótipos e produção de jogos eletrônicos terá R$ 760 mil.
As inscrições para os editais devem ser realizadas entre 30 de abril e 29 de maio. De acordo com o cronograma, os projetos selecionados serão divulgados no dia 18 de agosto, prevendo-se a habilitação definitiva entre 19 de agosto e 19 de setembro, com o período de desembolso ocorrendo até 14 de outubro.
A cineasta Lúcia Murat, premiada em diversos festivais com os filmes Quase Dois Irmãos e Uma Longa Viagem, comemorou o lançamento do programa. “Estamos apostando tudo neste edital. É um grande presente para o Rio. A cidade e o audiovisual se complementam. O Rio é uma cidade audiovisual e a possibilidade de ele crescer após esse edital de fomento é imensa”, afirmou.
O cineasta Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo, disse que “todo investimento em cinema é bem-vindo. Investimento para o audiovisual é sempre uma coisa muito boa. Vai dar certo”, disse.
Realizadora do filme Rever, vencedor do Porto Femme Festival, como Melhor Filme Experimental Categoria Internacional, no ano passado, a cineasta Raquel Reine Areias Gandra destacou que o investimento anunciado é de extrema importância para o cinema carioca, que ficou bastante prejudicado pela pandemia da covid-19 nos últimos anos.
Afirmou, porém, que deveria ser dada maior atenção às ações locais, como cineclubes e oficinas, por exemplo. “Porque além de investir na própria produção cinematográfica, que é muito importante, porque o cinema é uma forma de arte muito cara, coletiva, e que emprega muitas pessoas, acho que deveria ter mais espaço nos editais da RioFilme para os filmes de baixo orçamento e com um tipo de linguagem mais experimental”.
Raquel defendeu que haja um esforço para criar diálogo entre as pessoas e acessibilidade, não só em termos geográficos, mas em condições de mais pessoas acessarem os filmes. “Não adianta só você financiar filmes que vão, a princípio, atrair grandes públicos e devolver o investimento feito, se não há espaço também para os filmes de baixo orçamento e com linguagem mais alternativa”, disse à Agência Brasil.
O diretor-presidente da Associação das Produtoras Brasileiras de Audiovisual do Centro-Oeste (APBA-CO), cineasta Pedro Lacerda, avaliou que o edital é uma ótima notícia, depois de um período de estagnação da RioFilme.
“É importante ver que as linhas são para produção, para filmes de TV, ficção, documentários, série e, inclusive, para lançamento, para distribuição de filmes. Ótima notícia saber que a produção do Rio vai voltar com força total e que o streaming comece a se associar a produtores independentes para aumentar a produção. Porque a gente carece de produção e de distribuição”.
Com esse edital, ele espera que saia um super filme brasileiro que ande não só no mercado nacional, mas internacional. “Precisamos abrir fronteiras em outros mercados fora”. Para Lacerda, o filme nacional precisa avançar em outros mercados que falam português, como Portugal, e países lusófonos da África. “Contamos com esse dinheiro nas mãos dos produtores logo, logo”, frisou.
No ano passado, foram investidos R$ 20 milhões em 70 projetos audiovisuais, com atração de R$ 48 milhões adicionais em investimentos para a cidade. Os editais foram lançados em agosto de 2021 e, em dezembro desse ano, os valores investidos já estavam nas contas das produtoras beneficiadas, gerando renda e emprego para o setor.
| IDNews® | Agência Brasil | Via NMBR |Brasil|