Saúde & Cuidados

São Paulo confirma 1º caso de varíola dos macacos no Brasil


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Em todo o país, há pelo menos oito casos suspeitos da varíola dos macacos em investigação, conforme nota do ministério divulgada nesta quarta


São Paulo confirmou, nesta quarta-feira (8), o primeiro caso de varíola dos macacos no país. Trata-se de um homem de 41 anos que viajou para Espanha e Portugal há pouco tempo.

O paciente está em isolamento no hospital Emílio Ribas, na zona oeste da capital. A informação foi publicada, primeiramente, pela Globo e confirmada pela reportagem por integrantes do governo estadual. Segundo essas fontes, as autoridades estudam como anunciar oficialmente o diagnóstico sem provocar pânico na população.

Em notas divulgadas nesta quarta, as secretarias da Saúde do Estado e da prefeitura dizem ainda aguardar a conclusão de análises, que estão sendo feitas pelo Instituto Adolfo Lutz, para confirmar o caso.

“Precisamos aguardar um pouco”, afirmou à reportagem o infectologista David Uip, secretário estadual de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde. A pasta, criada em maio pela gestão Rodrigo Garcia (PSDB), é responsável por planejar medidas e pesquisas para o enfrentamento de doenças infecciosas.

O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, disse que, além do histórico de viagem, o quadro clínico e epidemiológico sugere que se trata de um caso de varíola dos macacos. “Porém, para a confirmação precisamos receber o sequenciamento genético do Instituto Adolfo Lutz. Algo que deve ficar pronto dentro das próximas 24 horas”, explicou à reportagem.

Em sua nota, a secretaria confirma que o paciente monitorado é “um homem de 41 anos, da capital” e que está em isolamento. “Ele tem histórico de viagem para Portugal e Espanha e teve início dos sintomas, como febre e mialgia, no dia 28 de maio”, afirma a pasta. Gorinchteyn diz que o paciente procurou diretamente o Emílio Ribas após receber orientação no aeroporto sobre os sintomas.

À reportagem uma pessoa que conhece o diagnóstico do paciente disse que ele apresenta erupção cutânea e feridas pelo corpo que se assemelham aos sinais da doença.

As autoridades ainda investigam a possibilidade de outra pessoa estar infectada na cidade. Nesse caso, é uma mulher de 26 anos que, segundo investigação preliminar, não tem histórico recente de viagem. Ela também não teve contato conhecido com outras pessoas infectadas.

O estado de saúde da mulher é estável. Ela está internada em isolamento em um hospital público da cidade, de acordo com a Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) da Secretaria Municipal da Saúde.

Segundo a secretaria municipal, o caso do primeiro paciente foi notificado no dia 7 de junho e o da mulher no dia 4 de junho. “A Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) da região de residência da munícipe está monitorando os contatos domiciliares”, diz.

O Ministério da Saúde afirmou em nota que não tem a confirmação do caso. “Até o momento, o Ministério da Saúde não tem a confirmação de caso de monkeypox no Brasil. A pasta está em contato com estados e municípios para apoiar no monitoramento e ações de vigilância em saúde.”

Assim como as secretarias estadual e municipal, uma fonte do ministério afirmou à reportagem que a amostra ainda está no Instituto Adolfo Lutz. Na segunda-feira (6), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o resultado provavelmente seria divulgado entre quinta (9) e sexta-feira (10).

Em todo o país, há pelo menos oito casos suspeitos da varíola dos macacos em investigação, conforme nota do ministério divulgada nesta quarta. São pessoas que moram em Santa Catarina, Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo.

O governo federal criou uma sala de situação para acompanhar o avanço da doença.

No mundo, a OMS (Organização Mundial da Saúde) contabiliza mais de 1.000 casos confirmados em 29 países. Nenhuma morte foi registrada.

A doença é causada pelo monkeypox, um vírus do gênero Orthopoxvirus. Outro patógeno que também é desse gênero é o que acarreta a varíola, doença erradicada em 1980.

Embora tenham suas semelhanças, existem diferenças entre as duas doenças. Uma delas é a letalidade: a varíola matava cerca de 30% dos infectados. Já a varíola dos macacos conta com uma taxa de mortalidade entre 3% a 6%, segundo a OMS.
Os sintomas mais comuns aparecem dentro de seis a 13 dias após a exposição, mas podem levar até três semanas. As pessoas que adoecem geralmente apresentam febre, dor de cabeça, dor nas costas e nos músculos, inchaço dos gânglios linfáticos e exaustão geral.

Cerca de um a três dias após a febre, a maioria das pessoas também desenvolve uma erupção cutânea dolorosa característica desse gênero de vírus. A erupção pode começar no rosto, nas mãos, nos pés, no interior da boca ou nos órgãos genitais do paciente e progredir para o resto do corpo.

A doença já era conhecida, mas vinha sendo registrada principalmente em países africanos. O que deixou a comunidade científica em alerta foi a disseminação rápida do vírus para outros países fora da África.

Nesta quarta, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que há risco de que o vírus se estabeleça em países não endêmicos. “O risco da varíola do macaco se arraigar nos países não endêmicos é real, mas esse cenário pode ser evitado”, afirmou, segundo a AFP.

Apesar da referência a macacos em seu nome, os hospedeiros naturais do monkeypox provavelmente são roedores, como ratos. A partir deles, o vírus pode ser transmitido aos humanos por meio do contato com fluidos ou lesões dos animais infectados.

De pessoa para pessoa, a transmissão acontece por meio de contato próximo. A infecção pode ocorrer por vias respiratórias, mas é preciso contato face a face perto por tempo prolongado. Outra forma de infecção é por meio das feridas na pele. ​

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, as notícias de novos casos no mundo têm levado brasileiros a procurarem pela vacina e por cartões de vacinação antigos.

Em um levantamento feito pela Abcvac (Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas) a pedido da reportagem no fim de maio, 73% dos associados responderam que aumentou a procura por um imunizante. Do total, 25% afirmaram que há “muita” demanda e 48%, que há “alguma” demanda.

Apesar do interesse recente, nenhum imunizante da varíola está disponível nem na rede privada nem no SUS (Sistema Único de Saúde). A vacina parou de ser aplicada no Brasil em 1979 e, em maio de 1980, a Assembleia Mundial da Saúde declarou oficialmente a erradicação da doença.​

Segundo a OMS, a vacina contra a varíola tem uma taxa de eficácia de aproximadamente 85% para a doença causada pelo monkeypox.

Em entrevista à Folha de S.Paulo publicada no último sábado (4), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que há uma “situação de monitoramento, não de preocupação” em relação á doença. “Não é algo que seja grave. Naturalmente, os mais vulneráveis, crianças pequenas, idosos, podem ter uma repercussão [forma mais grave da infecção].”

Ele declarou que a pasta está em contato com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) para buscar contatos para obter a vacina.

“Se for necessário comprar, será para um grupo restrito. Aqueles profissionais que estiverem lidando diretamente com esses casos, os que vivem em regiões de fronteira”, explicou.

| IDNews® | Folhapress | Via NMBR |Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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