Sem verba, UFRJ fecha campi até agosto, diz reitoria
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Segundo a instituição, se não houver novos repasses, não será possível pagar as contas de água e luz.
Uma das mais importantes universidades do país, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) cogita suspender as atividades até agosto por falta de dinheiro. Segundo a instituição, se não houver novos repasses, não será possível pagar as contas de água e luz.
Segundo a reitora Denise Pires de Carvalho, que concedeu entrevista nesta quarta-feira (15), o orçamento previsto para este ano era de R$ 329 milhões, valor já considerado insuficiente pela instituição. Deste montante, R$ 23 milhões acabaram cancelados.
Se o pagamento das contas deixar de ser feito, serão afetados 1.450 laboratórios, 170 cursos de graduação e 350 de pós-graduação e, pelo menos, 8.000 bolsistas.
A instituição, que completou cem anos em 2020, destaca-se entre as melhores colocadas no RUF (Ranking Universitário da Folha).
Em maio, a UFRJ já havia dito que seriam afetados os serviços de testagem de Covid-19 e a pesquisa de duas vacinas contra a doença, além da redução de leitos hospitalares e de atendimentos a pacientes.
Atualmente, o maior gasto da universidade é com a conta de energia elétrica, R$ 6.122,18. Em seguida, vem o valor utilizado para a segurança dos campi, R$ 51.759.
“Daqui a dois meses, não será possível pagar contas de luz e água”, afirmou a reitora. “[Isso] afetará as nossas colaborações internacionais em pesquisas. Temos, por exemplo, um estudo em andamento da vacina UFRJVac, que pode ser importante em outras fases de vacinação. Vamos ficar sem mais uma vacina que pode ser útil?”
O maior campus da instituição fica na Ilha do Governador, na zona norte do Rio.
Na cidade, existem 15 prédios da universidade tombados, além de nove unidades hospitalares. Um dos mais importantes é o prédio da Faculdade Nacional de Direito, no centro.
Para exemplificar a falta de investimento, Carvalho citou o incêndio que destruiu parte da estrutura e do acervo de pesquisa do Museu Nacional da UFRJ, na Quinta da Boa Vista, em 2015.
“Os cortes vêm acontecendo de forma progressiva e elas têm promovido perdas estruturais importantes, como aconteceu com o incêndio no prédio do Museu Nacional”, disse.
O vice-reitor, Carlos Rocha, explicou que, por lei, as contas só podem ser pagas com o dinheiro do orçamento liberado diretamente pelo MEC (Ministério da Educação). Os recursos dos fundos de apoio e fomento à universidade não podem ser repassados para outros contratos.
“Todo o custeio dos laboratórios vem direto do orçamento da universidade. Corremos o risco de não ter limpeza na sala onde pesquisamos o vírus da varíola do macaco. O dinheiro das fundações de apoio não pode ser utilizado para manutenção”, disse Rocha.
Em maio, o governo Jair Bolsonaro (PL) determinou um corte de R$ 3,23 bilhões do orçamento do MEC de 2022.
O bloqueio atinge também todos os órgãos ligados à pasta, como institutos e universidades federais. Os R$ 3,2 bilhões bloqueados representam um bloqueio de 14,5% no orçamento discricionário do MEC e unidades vinculadas, que somavam R$ 22,2 bilhões. Os recursos discricionários excluem despesas fixas como salários, por exemplo.
Na lista das 16 mais afetadas, além da UFRJ, estão a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
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