Gastronomia & Saúde

Tendência nas redes sociais, suco de babosa pode ser prejudicial à saúde


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Nos últimos tempos, a planta vem sendo protagonista de diversos vídeos nas redes sociais


A aloe vera, ou babosa, como é popularmente conhecida, está presente em muitas fórmulas que beneficiam a saúde e beleza, e ainda é usada em diversas receitas caseiras. Ela também tem efeito medicinal com ativos desintoxicantes e anti-inflamatórios.

Nos últimos tempos, a planta vem sendo protagonista de diversos vídeos nas redes sociais. Pessoas estão ensinando e compartilhando receitas utilizando-a como ingrediente do chamado “suco da beleza”. No TikTok, centenas de vídeos vêm mostrando que o suco pode auxiliar no sistema digestivo e contribuir para ter um intestino saudável, já outros indicam a bebida como benéfica à pele e no combate à acne.

Porém, é preciso ter cautela com qualquer tipo de nova receita “milagrosa” que é divulgada na internet. Isso porque, sejam alimentos ou bebidas, todo produto vendido no país deve ser analisado e certificado previamente pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que se confirmem as evidências suficientes para a segurança do consumo.

A reportagem de VivaBem apurou que, até o momento no Brasil, existem apenas estudos científicos que avaliaram a toxicidade do alimento e documentos técnicos sobre o processo de produção ou extração, porém sem evidências suficientes para concluir sobre a autorização de produtos à base de aloe vera em forma de uso oral, apenas estão autorizados como fitoterápico para cicatrização.

Atualmente, não há produtos à base de aloe vera aprovados na área de alimentos, ou seja, não podem ser comercializados no Brasil como alimento até que os requisitos legais que exigem a comprovação de segurança sejam atendidos.

Segundo nota da Anvisa, algumas empresas de bebidas que estão regulares perante o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento têm utilizado o número de registro do estabelecimento nos rótulos de suco de aloe vera e os consumidores estão sendo induzidos a comprá-lo como um produto regularizado.

MAS HÁ BENEFÍCIOS MESMO?

A dermatologista Ediléia Bagatin, coordenadora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), explica que é preciso saber que não há receitas caseiras que façam milagre no tratamento da acne.

“Não se sabe ainda se qualquer suco de fruta ou vegetal é benéfico, e sobre a acne não tem nenhum benefício comprovado, ou seja, não influencia em nada, já que a acne é uma doença muito complexa, com vários fatores envolvidos”, explica Bagatin.

A sugestão do TikTok pode, sim, ter propriedades antimicrobianas e até mesmo antineoplásica e anti-inflamatória, mas também pode causar efeitos colaterais gastrointestinais que podem prejudicar a saúde, comenta Clóvis Massato, médico gastroenterologista e professor do curso de medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

“Isso é bastante perigoso porque temos relatos de casos de hepatites agudas decorrentes do uso de aloe vera em suco, além do que, tem uma substância que, dependendo da dosagem, também pode provocar diarreia, cólicas, dores abdominais, por isso é perigoso se usado inadvertidamente”, explica Massato.

O professor alerta que a população deve ter muito cuidado com esses produtos que prometem efeitos rápidos, e sugere sempre consultar um especialista.

Ele acrescenta que os efeitos colaterais após beber o suco podem gerar desconforto estomacal, e que o látex -substância produzida a partir da extração das células logo por baixo da epiderme da folha- pode causar cólicas excessivas e dor de barriga, e consequentemente os efeitos laxantes podem levar à desidratação.

A secretária executiva, Gisele Nishino, 57, que tomava o suco diariamente, conta que não percebeu nenhum benefício durante seis meses. “Não vi diferença alguma na minha saúde, mas não tinha nenhum problema de específico para tratar, era por questão mesmo de hidratação e beleza. Não recomendo mais, porque não sei se ele realmente traz algum resultado.”

E é justamente por falta de estudos a longo prazo que, inclusive, Luigi Carlo da Silva Costa, gastroenterologista da Uepa (Universidade do Estado do Pará), também alerta para os riscos do mau uso de ervas e plantas medicinais sem a devida comprovação científica.

“Muitas ervas medicinais estão relacionadas a efeitos hepatotóxicos, com risco de insuficiência hepática. No dia a dia não tem efeitos colaterais visíveis, mas é algo que sem aprovação da Anvisa e uma avaliação farmacológica, pode aumentar o risco de doenças e inflamações gástricas ou laxativas”, alerta o médico.

|IDNews® | Folhapress | Via NBR | Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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