Wagner nomeou ex-diretor da OAS para Secretaria responsável por licitações
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Wagner nomeou ex-diretor da OAS para Secretaria responsável por licitações
Operação Lava Jato está investigando as ligações do atual ministro da Casa Civil com a empresa
Manuel Ribeiro Filho, ex-diretor da OAS, foi nomeado pelo então governador da Bahia Jaques Wagner (PT) para a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Ribeiro Filho foi o responsável pela licitação de uma obra de R$ 584 milhões vencida pela própria construtora.
O ex-diretor assumiu o cargo em janeiro de 2014 e dois meses depois concluiu a licitação que deu à OAS a implantação da Linha Vermelha, que inclui a construção da avenida 29 de março e duplicação da avenida Orlando Gomes, em Salvador.
A Operação Lava Jato está investigando as ligações do atual ministro da Casa Civil com a empresa.
A Folha revela que mensagens de texto do ex-presidente e sócio da OAS José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, apontam que Wagner tratou de doações para a campanha do PT em Salvador em 2012. O então candidato, Nelson Pelegrino, recebeu R$ 850 mil da empresa.
Leo Pinheiro é investigado na Lava Jato e já foi condenado a 16 anos de prisão por corrupção. De acordo com a investigação, um dos interlocutores das doações foi Ribeiro Filho, na época diretor para o Nordeste da OAS.
A Conder, estatal ligada à secretaria e que tinha Ribeiro Filho como presidente do Conselho de Administração, foi quem conduziu a licitação da Linha Vermelha.
As construtoras Cowan, Camargo Corrêa, Odebrecht e o consórcio formado por Queiroz Galvão, Constran, Axxo e TTC também participaram da licitação.
Obras
No governo Wagner, foram iniciadas cinco grandes obras de infraestrutura, três delas foram ou estão sendo realizadas pela OAS: a Arena Fonte Nova (com a Odebrecht), a Linha Vermelha e a Via Expressa Baía de Todos-os-Santos.
Em relação a obra do metrô, a empresa não participou por considerar que o contrato não era economicamente viável. Na época, Wagner criticou publicamente a empresa por não participar da disputa.
A publicação refere que a OAS, com Odebrecht e Camargo Corrêa, participou da elaboração do projeto para construção da ponte Salvador-Itaparica, uma obra de R$ 7 bilhões que ainda não foi licitada.
O projeto foi lançado em 2010 e gerou polêmica, colocando em oposiçao Ribeiro Filho, e o seu irmão e escritor, João Ubaldo Ribeiro (1941-2014), contrário à obra da ponte.
A OAS se aproximou de Wagner depois do rompimento de Mata Pires com os outros herdeiros do senador, incluindo o hoje prefeito de Salvador ACM Neto. Em 2010, a empreiteira doou R$ 1,5 milhão à campanha de Wagner e, em 2014, R$ 4,2 milhões à de seu sucessor, Rui Costa (PT).
De acordo com a Folha, Wagner teria nomeado Ribeiro Filho e também outro ex-diretor da OAS: o então diretor da Casa Civil, Bruno Dauster, responsável pela modelagem da licitação do metrô.
Respostas
Manuel Ribeiro Filho declara que não teve qualquer participação na licitação da Linha Vermelha, em Salvador, e alega que a estatal Conder, mesmo ligada à secretaria, tem autonomia operacional.
Ele também diz que assumiu o cargo sete meses após ter se desvinculado da OAS e negou qualquer intervenção da construtora na sua indicação.
“Isso me irrita porque parece que trabalhar na OAS marca o DNA da gente. Trabalhei lá e não tenho o que esconder no meu currículo”, declarou Ribeiro.
A OAS disse em nota que “nunca indicou profissionais para ocupar cargos públicos nem participou de nomeações” e alega que Ribeiro desenvolveu sua carreira “de forma independente” após sua saída da empresa.
A empresa defende que venceu a licitação “com base em suas propostas técnicas e na qualidade dos serviços que executa”.
A assessoria do ministro Jaques Wagner afirmou explica que “a nomeação de Manoel Ribeiro foi uma opção técnica para acelerar as obras no Estado, pois tinha experiência na área e na iniciativa privada, sem perfil burocrático”.
A reportagem da Folha acrescenta que a assessoria não comentou sobre a licitação vencida pela OAS na gestão de Ribeiro.
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